Filme do Dia: Karamazoff (1931), Erich Engels & Fyodor Otsep


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Karamazoff (Alemanha, 1931). Direção: Erich Engels & Fyodor Otsep. Rot. Adaptado: Erich Engls, Leonhard Frank, Fyodor Otsep & Victor Trivas, a partir do romance de Dostoievski. Fotografia: Friedhl Behn-Grund. Música: Karol Rathaus & Kurt Schröder. Montagem: Fyodor Otsep & Hans Von Passavant. Com: Fritz Kortner, Anna Sten, Fritz Rasp, Bernhard Minetti, Max Pohl, Hanna Waag, Fritz Alberti, Werner Hollmann.
Dimitri (Kortner) conta com o auxílio do velho pai (Pohl) para oficializar seus laços com a sua amada Katja (Waag). Porém, quando vai visita-lo, descobre que o pai também se encontra apaixonado, por uma moça cigana ainda mais jovem que a devotou seu amor, e que um dia fora sua criada, Gruschenka (Sten). Ele vai de encontro a Gruschenka para demovê-la da ideia de casar com o pai e é seduzido pela mesma.
Há algo do amour fou do contemporâneo O Anjo Azul, ainda que aqui a encenação se dê mais próxima de um realismo afinado com a Nova Objetividade que os excessos expressionistas em termos de cenário e apresentação do drama do célebre filme de Sternberg. O relativo distanciamento com que tudo é narrado não impede que o filme rescenda a um erotismo sensual que se afasta demasiado daquele que incorporará pouco depois (e já contemporaneamente) as maravilhas do corpo ariano nas paradoxalmente dessexualizadas produções nazistas.   Com elenco harmônico que vai do excelente Kortner como o quase sempre atormentado e paranoico protagonista até um Fritz Rasp que quase rouba a cena como o excêntrico criado passando pela alta carga erótica que Anna Sten impõe a sua personagem.  Mesmo numa narrativa visualmente contida e se limitando, no máximo,  a alguns comentários evocadoramente expressionistas, como as paisagens melancólicas  de alguns planos de ligação, existe exceções para dois interlúdios que se destacam do corpo do filme, o jogo com a montagem  acelerada  e a música na sequencia da carruagem  e pouco depois – e ainda mais bem sucedida – a sequencia da festa cigana, ambas interligadas por um virtuoso plano sequencia ao qual acompanhamos  Dimitri expulsar um pretendente a cliente de Gruschenka. Mais uma vez música e imagem ditam o ritmo da montagem, associados as palmas e a coreografia  dos dançarinos numa evocação visual que consegue expressar muito da vivacidade das danças populares russo-ciganas. Observada inicialmente pela montagem rítmica picotada, em um segundo momento o festejo cigano ganha uma dimensão em que a câmera virtuosamente explora a dança  em planos-sequencia de tirar o fôlego não apenas por sua maestria e precisão, como por serem produzidos praticamente com o nascimento do cinema sonoro e todos os conhecidos entraves técnicos inicialmente decorrentes. É uma pena que Sten, de origem russa,  não tenha tido o mesmo sucesso da sua carreira europeia nos EUA onde, via de regra, desempenhou papeis secundários em produções tampouco de destaque. Carl Frölich já havia dirigido uma versão do mesmo romance dez anos antes para o cinema alemão. Terra Filmkunst para Terra Filmverleih. 93 minutos.


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