Filme do Dia: Histórias Proibidas (2001), Todd Solondz



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Histórias Proibidas (Storytelling, EUA, 2001). Direção e Rot. Original: Todd Solondz. Fotografia: Frederick Elmes. Música: Belle&Sebastian. Montagem: Alan Oxman. Dir. de arte: James Chinlund & Judy Rhee. Cenografia: Jennifer H. Alex. Com: Selma Blair, Leo Fitzpatrick, Robert Wisdom, Maria Thayer, Angela Goethals, Paul Giamatti, John Goodman, Julie Hagerty, Mark Webber, Jonathan Osser, Noah Fleiss, Lupe Ontiveros, Franka Potente.
Ficção. Recém ingressos na universidade discutem suas primeiras experiências literárias com o ganhador do Prêmio Pulitzer, Sr. Scott (Wisdom). O inseguro Marcus (Fitzpatrick), vítima de paralisia cerebral, escreve um conto sobre sua relação afetiva com a colega Vi (Blair), que é suavemente criticado pelos colegas, até que uma garota resolve falar duramente, sendo seguida pelo próprio Scott. Arrasado, Marcus rompe com Vi, que sai na mesma noite e encontra casualmente Scott, e submete-se aos seus caprichos sexuais. Arrasada, busca consolo em Marcus. Sua experiência com o professor serve como material para o seu conto, que é impiedosamente criticado pelos colegas e pelo próprio Scott. Não-Ficção. O aspirante a documentarista Toby Oxman (Giamatti) decide filmar a vida de uma família suburbana americana. Sua escolha recai sobre Scooby Livingston (Webber) que, apesar do completo desinteresse pelos estudos, sonha em ser apresentador de talk-show televisivo. Sua relação complicada com o irmão Brady (Fleiss), que teve morte cerebral em um jogo de futebol americano, a exploração que a empregada salvadorenha Consuelo (Ontiveros) é submetida, sobretudo por parte do mais jovem Mikey (Osser) e a ignorância do pai, Marty (Goodman), que alterna entre uma postura preocupada e extremamente autoritária. Apesar de começar a receber elogios de sua editora (Potente), a partir do momento que a situação familiar torna-se dramática, com um filho em coma, Toby prefere transformar seu filme em um sucesso de público, tornando-o divertido. O jovem Mikey hipnotiza o pai e faz com que ele despeça Consuelo, que vinga-se provocando a morte de todos, menos de Scooby que fora procurar Oxman e flagra a platéia rindo dele e de sua família.
Enquanto o primeiro episódio encontra-se aquém do reconhecido talento de Solondz, um dos melhores do cinema americano contemporâneo, o segundo segue a mesma linha corrosiva, talentosa e original com que aborda aspectos da cultura americana, presentes em Bem Vindo à Casa de Bonecas, sem os excessos de cinismo de Felicidade. Um dos aspectos mais interessantes é que, para além da sátira à sociedade americana – sendo o episódio de Consuelo uma metáfora involuntária do sentimento de anti-americanismo por parte de estrangeiros que culminaria com os atentados terroristas – o filme também engenhosamente remete a falta de escrupúlos da mídia, na figura do documentarista, que pode ser interpretado como um metadiscurso em cima da própria apropriação do drama dos personagens para a realização de uma comédia de humor negro. Como boa parte dos personagens do cineasta, Scooby ganha uma densidade dramática, por retratar, de modo anti-sentimental porém digno, a impossibilidade dos mesmos de expressarem seus tormentos sócio-psicosexuais. Alude galhofeiramente a Beleza Americana em diversas situações, sobretudo na cena do saco na rua. Da mesma forma possuai uma ironia quanto aos preceitos do “politicamente correto”, como na cena em que Vi, loura e branca, reluta em deixar de ser praticamente violentada pelo professor negro, após ver as fotos da colega nua e amarrada que encontra no banheiro, afirmando a si própria que não é racista. Ou ainda os comentários sobre o falocentrismo e preconceito ao negro que despertam a leitura de sua história na universidade. A bela trilha sonora, de efeito ampliado nos  não menos formosos créditos iniciais, fica a cargo de Belle&Sebastian, que geralmente em suas letras alude a temas como o sofrimento e o tédio de adolescentes, tais e quais os descritos nos filmes de Solondz. Good Machine/Killer Films/New Line Cinema. 87 minutos.

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