The Film Handbook#109: Edward Dmytryk

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Edward Dmytryk
Nascimento: 04/09/1908, Grand Forks, British Columbia, Canada
Morte: 01/07/1999, Encino, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1935-1976

Em meados dos anos 40, Dmytryk realizou diversos filmes-B superiores que mesclavam suspense com comentário social; porém, após os problemas com o Comitê de Atividades Anti-Americanas, entrou em declínio artístico, ironicamente com projetos mais custosos e prestigiados.

Tendo ascendido de mensageiro do estúdio a editor, Dmytryk passou à direção com uma série de "tapa-buracos" para a Paramount e Columbia. Mudando para a RKO, ele encontrou seu passo com dois filmes de propaganda (Os Filhos de Hitler/Hitler's Children e Mulheres de Ninguém/Tender Comrade, que observava mulheres que trabalhavam na indústria bélica). Uma versão tensa de Até a Vista Querida/Murder, My Sweet>1, de Raymond Chandler ajudou tanto a definir o estilo visual sombrio do cinema noir, com uma vívida sequencia de fantasia expressionista, assim como a enfraquecida imagem de crooner de Dick Powell, escalado na contramão de seu tipo, como o cínico e descuidado Marlowe; enquanto em Acossado/Cornered, a busca obsessiva de Powell pelo homem responsável pela morte de sua esposa desmascara um bando de fascistas disfarçados de respeitáveis membros de um salão da fina flor da sociedade de Buenos Aires. Após Noite na Alma/Till the End of Time, uma dramatização das experiências de desilusão dos veteranos de volta da guerra, Dmytryk - um comunista de carteirinha - combinou paranoia noir com um retrato do racismo em Rancor/Crossfire>2.

Um thriller sombrio e  investigativo  sobre o assassinato de um judeu (a vítima no romance original de Richard Brooks era homossexual) beneficia-se do uso atmosférico das locações - hotéis medíocres, cinemas abertos a noite inteira, bares esfumaçados - e a interpretação assustadoramente intensa de Robert Ryan como um psicopata antissemita.

Infelizmente, em 1947, a promissora carreira de Dmytryk foi interrompida por sua aparição diante do Comitê de Atividades Anti-Americanas como um dos "Dez de Hollywood"; suas conexões comunistas o levaram a prisão e ao exílio, e posteriormente a um segundo depoimento, no qual ele citou nomes. A partir de então fora da lista negra, realizaria quatro filmes para o produtor Stanley Kramer, o último uma versão de A Nave da Revolta/The Caine Moutiny com um cansado Bogart como o perturbado Capitão Queeg. O sucesso do filme levou Dmytryk a projetos extravagantes e caros (Lança Partida/Broken Lance, A Árvore da Vida/Raintree County, Os Deuses Vencidos/The Young Lions, Pelos Bairros do Vício/Walk on the Wild Side) nos quais os lustrosos valores de produção e solenidade irrestrita repetidamente sufocaram a invenção e a vitalidade.

Nos anos 60, Dmytryk foi um diretor negligente, reduzido ao entretenimento superficial de filmes como Shalako (um western produzido com capital britânico e estrelado por Bardot e Connery); em 1976 ele abandonou à direção e passou a ensinar cinema. Talvez as restrições dos filmes-B (para não mencionar sua colaboração com o produtor Adrian Scott e o roteirista John Paxton tanto em Acossado quanto em Rancor) tenham sido cruciais para sua melhor obra; ou talvez, as iniquidades da caça às bruxas da Comissão de Atividades Antiamericanas tenham simplesmente solapado sua autoconfiança.

Cronologia
A mescla de comentário social e suspense noir em Dmytryk encontra um eco em Huston e Lang, assim como antecipa Kazan, Rossen e Losey. Sua obra posterior pode ser comparada com o final da carreira de Stevens e Zinnemann.

Leituras Futuras
It's a Hell of Life but Not a Bad Living (Nova York, 1978) é a autobiografia de Dmytryk.

Destaques
1. Até a Vista, Querida, EUA, 1944 c/Dick Powell, Claire Trevor, Mike Mazurki

2. Rancor, EUA, 1947 c/Robert Young, Robert Mitchum, Robert Ryan

Texto; Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, pp. 83-4.

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