Filme do Dia: Asas (1927), William A. Wellman

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Asas (Wings, EUA, 1927). Direção: William A. Wellman. Rot. Adaptado: Louis D.Lighton, Hope Loring & Julian Johnson, baseado no conto de John Monk Saunders. Fotografia: Harry Perry. Música: J.S Zamecnik. Montagem:  Lucien Hubbard & E.Lloyd Sheldon. Com: Clara Bow, Charles “Buddy” Rogers, Richard Arlen, Jobyna Ralston, El Brendel, Richard Tucker, Gary Cooper, Gunboat Smith, Henry B. Walthall, Roscoe Karns, Julia Swayne Gordon.
             John “Jack” Powell (Rogers) é um típico garoto de classe média de uma cidade provinciana. Seu sonho é um dia ser aviador. Sua vizinha, Mary (Bow), é apaixonada por ele, mas ele gosta é de Silvia Lewis (Ralston), uma garota da cidade, que é namorada do rico David (Arlen). A I Guerra Mundial explode e Jack, como David, alista-se na Força Aérea. Inicialmente rivais, Jack e David tornam-se amigos inseparáveis, após uma briga. Os dois são destaque da frota aliada, provocando muitas baixas no exército alemão. Jack torna-se o lendário Estrela Cadente, inspirado no desenho criado por Mary. No ínterim, Mary também se alista no exército e distribui remédios nas bases aliadas. Mary não desiste de Jack, mesmo quando o encontra completamente alcoolizado em Paris, nos braços de outra, após ter sido condecorado e dispensado. Interrompida bruscamente a dispensa, David e Jack voltam à guerra. Na primeira missão contra os alemães, David é atingido após provocar algumas baixas. Seu avião cai, mas ele consegue sair vivo. Dado como morto pelo exército alemão, que não deixa de divulgar o fato junto aos aliados provocando a ira de Jack. Na missão seguinte, ele consegue ser mais ofensivo que em qualquer outra. Enquanto isso, David captura um avião alemão e tem o azar de cruzar com Jack, que sem reconhecê-lo, abate- o. No leito de morte David perdoa um inconsolável Jack. A guerra acaba. Jack retorna como herói de sua cidade e se depara com a dor de levar o amuleto de David a seus pais, assim como com o prazer de reencontrar Mary, que agora não duvida ser seu verdadeiro amor.
Primeiro grande sucesso da carreira de Wellman, que se notabilizaria por comédias sofisticadas, das quais a mais célebre é Nada é Sagrado (1936). Também explorou, como aqui, aventuras que celebram a amizade masculina sendo, nesse sentido, precursor de Howard Hawks. Aqui o nível de fidelidade entre os dois amigos se sobrepõe a tudo, inclusive as mulheres, possuindo um conteúdo subliminar involuntário de homo-erotismo (que não passou despercebido, inclusive, ao documentário O Celuloide Secreto, sobre o tema). De positivo, o filme tem seu forte impacto visual, com um magistral trabalho de câmera (que, em sua fluidez, ironicamente deve muito ao cinema alemão contemporâneo de Murnau e Dupont) e trucagens elaboradas, além de tomadas aéreas reais como nenhum filme ousara fazer até então. De negativo, seu conservadorismo, tanto na visão heroica e patriótica da guerra, como na submissão da aparentemente ousada protagonista feminina, ou ainda na infantilização complacente com que apresenta o casal protagonista, que tem seu ápice na seqüência da bebedeira de Jack. Sem dúvida, o filme envelheceu bem pior que Nada de Novo no Front, uma visão mais madura e realista da guerra. Algumas sequências hoje são involuntariamente risíveis, como a de um cadete (vivido pelo futuro galã Cooper) que se encontra no mesmo acampamento dos recém-chegados Jack e David, que não acredita em amuletos e morre num voo logo em seguida. Outras são de um inegável lirismo visual, como os planos que apresentam o diálogo entre Jack e Mary, quando o primeiro conserta o carro ou um plano subjetivo a partir de um hangar. Wellman, que foi piloto na I Guerra, faz uma ponta não creditada nesse que foi o primeiro a levar o Oscar de melhor filme. Rogers, que viria a morrer somente em 1999, receberia um prêmio especial da Academia de Hollywood, pouco antes. National Film Registry em 1997. Paramount Famous Lasky Pictures. 139 minutos.

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