Filme do Dia: Anjo do Mal (1953), Samuel Füler
Anjo do Mal (Pickup on South Street, EUA, 1953). Direção: Samuel Füller. Rot.Original: Samuel
Füller, baseado num argumento de Dwight Taylor. Fotografia: Joseph MacDonald.
Música: Leigh Harline. Montagem: Nick DeMaggio. Dir. de arte: George Patrick
& Lyle R. Wheeler. Cenografia: Al
Orenbach. Figurinos: Travilla. Com: Richard Widmark, Jean Peters, Thelma
Ritter, Murvyn Vye, Richard Kiley, Willis Bouchey, Milburn Stone, George
Berkeley.
Skip McCoy (Widmark) é um batedor de
carteiras que assalta a prostitua Candy (Peters) no metrô. O policial Dan Tiger
(Vye) tem que saber, a qualquer custo, quem é o assaltante, já que foi roubado
um microfilme que seria repassado para agentes comunistas. Com a ajuda de Moe
(Ritter), uma delatora, a polícia consegue saber quem se trata, porém McCoy
nega tudo. Por outro lado Candy é pressionada por Joey (Kiley), responsável
pela entrega do microfilme aos agentes russos a encontrar o assaltante. Candy
também se intera com Moe sobre o paradeiro de quem lhe roubara e vai a seu encontro.
McCoy inicialmente pede 500 dólares, porém quando sabe do que se trata, exige
25.000 mil. Moe é assassinada por Joey.
Candy, no entanto, frustra a tentativa de McCoy de faturar com o filme e
consegue roubar o filme dele, levando-o à
polícia. Essa pede que Candy o entregue a Joey, para que possam flagrar
o momento em que esse os entregará aos interessados. Joey o leva até o banheiro
de uma estação do metrô, sob a vigilância de McCoy que não permitirá que a
operação se suceda. Joey atira em Candy e esconde-se da polícia, porém logo é
capturado. Candy sobrevive e leva em frente seu amor por McCoy.
Embora impregnado de valores do cinema noir,
esse filme de Füller também apresenta características que o distinguem desse
estilo, como a recusa da atmosfera sombria e úmida e mais cenas diurnas que
noturnas. A luminosa fotografia é um dos elementos que caracteriza uma
proximidade maior com o realismo. Porém certos elementos persistem, como a
misoginia, ainda que aqui o elemento feminino seja menos considerado como
sinônimo de problemas, que como vítimas das agressões da contraparte masculina
– além de apanhar de McCoy, Candy também tem que se esquivar das truculências
de Joey. Obviamente existe uma conotação erótica acentuada na violência do
casal, incomum nas produções da época. Em termos ideológicos, o filme é
marcadamente conservador, afirmando que mesmo no seio da criminalidade existem
distinções, sendo que nos ladrões comuns o elemento ético se faz superior ao
dos comunistas, que não se esquivam em vender segredos do estado para o
arqui-inimigo do país. Thelma Ritter, uma das mais notáveis coadjuvantes da
época – presente, entre outros, em A Malvada (1950) e Janela Indiscreta
(1954) – teve uma de suas maiores interpretações aqui. Trabalhando sobretudo
com planos fechados, Füller também possui tino para dirigir cenas de violência,
como a seqüência da briga no metrô. Seu estilo terá grande influência sobre a
geração de cineastas da Nouvelle Vague, sobretudo Godard. 20th Century-Fox.
80 minutos.
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