Filme do Dia: Um Estranho na Escuridão (1946), Frank Launder
Um
Estranho na Escuridão (I See a Dark
Stranger, Reino Unido, 1946). Direção: Frank Launder. Rot. Original: Sidney
Gilliat, Wolfgang Wilhelm, Liam Redmond & Frank Launder, sob argumento do
ultimo. Fotografia: Wilikie Cooper. Música: William Alwyn. Montagem: Thelma Connel. Dir.
de arte: David Rawnsley & Norman G. Arnold. Figurinos: Joy Ricardo. Com:
Deborah Kerr, Trevor Howard, Raymond Huntley, Michael Howard, Norman Shelley,
Liam Redmond, Brefni O´Rorke, James Harcourt.
1944. Bridie Quilty (Kerr) é uma jovem irlandesa que,
bastante influenciada pelas fantasias românticas do pai já falecido, no aniversário
de seus 21 anos, pretende se unir ao Exército Republicano Irlandês.
Desencorajada por um veterano, ela vai trabalhar em um pub onde se vê envolvida com um espião alemão, J. Miller (Huntley).
Em sua ingenuidade, Bridie acredita que suas ações secretas afetam apenas a
Inglaterra. Um oficial britânico, David Baynes (Howard), no entanto,
apaixona-se perdidamente por ela e passa a seguir seus passos. Cada vez mais
nervosa, Bridie testemunha a morte de J. Miller e tem que se desfazer do cadáver
e fazer os contatos necessários que atrapalharão o plano do desembarque na
Normandia das forças aliadas. Ao tomar consciência de seus erros, Bridie se
rende aos encantos de Baynes.
Filme que faz uso de muitos dos recursos do cinema noir americano (fotografia bastante
contrastada em preto & branco destacando as sombras, enredo rocambolesco)
com fins de se tornar veículo para um tom de propaganda política bastante
evidente, reminiscente dos anos de guerra recém-findos. Nesse sentido, todas as
querelas internas que envolvem os países do Reino Unido, notadamente a
animosidade entre os irlandeses católicos e os protestantes ingleses são motivo
de condescendente humor que não vai além de pichações contra a estátua de
Cromwell, um cortejo fúnebre em que o caixão não passa de camuflagem para as
bombas terroristas do IRA ou uma lua-de-mel interrompida bruscamente. O
conflito que ganha proporções sério-dramáticas de verdadeiro antagonismo é
contra os alemães, ainda que não seja feita nenhuma referência direta ao
nazismo (ao contrário, por exemplo, do contemporâneo O Estranho, de Welles). A paz entre a Irlanda e a Inglaterra é
selada explicitamente ao final quando Bridie supera boa parte de seus
preconceitos contra os ingleses se unindo a Baynes. É notável alguns saltos
bruscos dentro da narrativa, bastante incomuns no cinema contemporâneo, como o
momento que apresenta Bridie já inserida na realidade de trabalhadora de um pub. Kerr, recente estrela do cinema
britânico, ganhará ainda maior notoriedade com sua participação no bem mais
interessante Narciso Negro, filme
que realizou logo a seguir e
imediatamente depois partindo para carreira nos Estados Unidos. Launder fora roteirista para Carol Reed, portanto não se trata de coincidência a similaridade com alguns enredos dos filmes dirigidos por Reed. Individual
Pictures para GFD. 112 minutos.
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