Filme do Dia: Domésticas, O Filme (2001), Fernando Meirelles & Nando Olival
Domésticas, O Filme (Brasil, 2001).
Direção: Fernando Meirelles & Nando Olival. Rot. Adaptado: Cecília Homem de Mello, Fernando Meirelles, Renata Melo e Nando Olival, a partir da peça de Renata Melo. Fotografia: Lauro Escorel.
Música: André Abujamra. Montagem: Déo Teixeira. dir. de arte: Tulé Peak & Frederico Pinto. cenografia: Cláudio Amorim. Com: Cláudia Missura, Graziella Moretto, Renata Melo,
Lena Roque, Cybele Jácome, Cecília Homem de Mello, Thiago Moraes, Robson Cunha,
Olívia Araújo, Roberta Garcia.
O cotidiano de empregadas domésticas em
São Paulo: Quitéria (Araújo), nunca fica muito
tempo nas casas que trabalha; outra
sonha em encontrar um príncipe encantado; Creo (Roque) religiosa e avessa aos
costumes permissivos, vive a procura de Kelly (Garcia), a filha adolescente foragida; uma delas, Roxane (Moretto) sonha ser modelo e trabalhar na
televisão e, por enquanto, se contenta em posar para fotos eróticas; outra
(Melo, também autora da peça em se baseia o filme), não suportando a
indiferença e a mesmice do marido, passa
a viver um relacionamento com um motorista, descobrindo após alguns
dias que o marido se encontrava morto diante da televisão; Raimunda (Missura), por sua
vez, torna-se namorada de um dos rapazes que realizara uma tentativa patética
de assaltar um ônibus, Gilvan (Moraes); Quitéria, ingenuamente, abre
as portas da casa de sua patroa para que assaltantes levem tudo que existe na
casa.
Com sua visão
descritiva e superficial dos “tipos” (longe de serem personagens com um mínimo
de profundidade psicológica que vá além dos clichês habituais) que explora, o
filme se sustenta, sobretudo, graças a afinação do elenco feminino. Já a partir
dos créditos, lidos por uma personagem que demonstra pouca familiaridade com as
letras, percebe-se que o elemento cômico sustentar-se-á a partir do diferencial
de classe que separa a cultura das retratadas e os pretensos espectadores que
assistirão ao filme. O fato de lidar com
tipos é ainda mais acentuado pelas letras de música, que geralmente fazem
comentários sobre as situações vivenciadas pelas domésticas. O único momento,
breve, que o filme consegue ir além da banal estereotipia ou ainda
desvencilhar-se de ser um verdadeiro estudo entomológico, provocador de um riso
de “superioridade” ou condescendência de quem assiste, é na bela e contida
seqüência em que mãe e filha encontram-se casualmente no Viaduto do Chá,
conseguindo demonstrar um caráter humano universal que transcende preconceitos
de classe, semelhante a abordagem efetivada, via Clarice Lispector, em A Hora da Estrela. O tom
semi-documental buscado é enfatizado nos momentos (geralmente filmados em
p&b) que os personagens dirigem-se diretamente para a câmera. Outros
recurso também utilizado é o da filmagem em movimento acelerado. O2. 90 minutos.
Gostei do filme. Os relatos das personagens sobre suaa experiências de trabalho são muito bons, as condições que encontram nos empregos também são realistas. Tema muito pouco explorado no cinema nacional, o filme desfaz alguns estereótipos e mostra um pouco do Brasil nas cozinhas.
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