Filme do Dia: O Medo (1954), Roberto Rossellini
O Medo (La Paura, Al.Ocidental/ Itália, 1954).
Direção: Roberto Rossellini. Rot. Adaptado: Sergio Amidei, Roberto Rossellini
& Franz Von Treuberg, baseado no romance Angst, de Stefan Zweig. Fotografia: Carlo Carllini & Heinz
Schnackertz. Música: Renzo Rossellini. Montagem: Jolanda Benvenuti & Walter
Boos. Com: Ingrid Bergman, Mathias Wieman, Renate Mannhardt,
Kurt Kreuger, Elise Aulinger, Steffie Struck, Elise Aulinger, Annelore Wied.
Irene (Bergman),
mulher do bem sucedido cientista Albert (Wieman) vive uma culpada relação
amorosa extra-conjugal com Erich (Kreuger). A situação se complica quando ela,
disposta a abandonar a relação, é chantageada por uma mulher que diz ter sido
abandonada por Erich, Schultze (Mannhardt). Irene passa a viver em constante
tensão e desconfia da integridade de seu amante, pois a mulher sempre sabe onde
ela se encontra. Sua crescente dispersão suscita indagações de Albert, negadas
terminantemente por Irene. Schultze revela, no entanto, que fora orientada pelo
próprio Albert para chantageá-la. Confusa, Irene pensa em suicídio, mas muda de
decisão e vai de encontro aos filhos.
Constrangedor
testemunho do quanto Rossellini não conseguia se adequar a modelos dramáticos
mais convencionais. Praticamente nada aqui funciona. Das interpretações maneiristas,
em que o patético se sobrepõe a qualquer pretensão trágica na figura
pretensamente dividida de sua protagonista aos momentos de mais pura obviedade,
quando Irene reflete no castigo imposto por Albert à filha, a sua própria
culpa. À figura feminina, aliás, cabe ao final não mais que o redirecionamento
de seu “amor perverso” para a sacralidade da família, ou seja, para a própria
negação do desejo e purgação de sua culpa. Certamente extraindo material da
própria relação que vivenciava então com Bergman, seja em termos de tema mais
amplo, que parece quase reproduzir o escândalo vivenciado por Bergman ao se
unir ao cineasta, abandonando o seu marido ou mesmo de frases isoladas, como
quando a atriz relembra dos banhos de sua Suécia natal, técnica comumente
utilizada por Rossellini. O filme patina em soluções desconcertantemente
canhestras desde a voz over com o
qual inicia e a abordagem de Irene pela chantageadora logo ao início. Destaque
para os longos planos de diálogos vivenciados no interior de veículos – com
evidendentes matte shots ao fundo
simulando movimento como era de costume nos filmes hollywoodianos, mas algo
incomum na cinematografia do realizador. Klaus Kinski surge numa ponta,
apresentando-se em um cabaré. Aniene Film/Ariston Film GmbH para Minerva Film.
75 minutos.
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