Filme do Dia: A Grande Esperança (1954), Dulio Coletti
A Grande Esperança (La Grande
Speranza, Itália, 1954). Direção: Duilio Coletti. Rot. Adaptado: Oreste
Biancoli, Marc-Antonio Bragadin, Duilio Coletti & Ennio De Concini, baseado
no livro de Marc-Antonio Brigadin. Fotografia: Leonida Barboni. Música: Nino
Rota. Montagem: Giuliana Attenni. Com: Renato Baldini, Lois Maxwell, Carlo
Bellini, Aldo Bufi Landi, Carlo Delle Piane, Edward Fleming, Earl Cameron,
Folco Lulli, Henri Vidon.
Submarino na Segunda Guerra Mundial auxilia no ataque e recolhe as
eventuais vítimas de seus ataques. Após terem recebido um grupo menor, do qual
faz parte a tenente britânica Lily Donald (Maxwell), que inclui o saudoso negro
americano Johnny Brown (Cameron), o divertido italiano Nostromo (Lulli), membro
da tripulação e o escritor Robert Steiner (Vidon), que Donald havia lido um
romance seu, assim como seu compassivo comandante (Baldini). Logo após, o
submarino fica lotado com o resgate de 24 holandeses. Seu objetivo é levá-los ao
porto neutro de Santa Maria, em Açores.
Se o tema da confraternização
entre membros de nacionalidades distintas gerou momentos memoráveis no clássico
A Grande Ilusão, de Renoir,
habitualmente, no dia-a-dia da produção mediana gerou muito mais equívocos
sentimentais como é o caso desse filme particularmente. O filme patina em sua
própria inocuidade das cartelas iniciais, que buscam capitalizar de forma
oportunista com a própria história, através de uma dedicatória do filme aos
mais de 90 submarinos italianos que combateram na Segunda Guerra (detalhe: o
filme é dedicado aos submarinos e não aos homens que neles combateram, o que
não deixa de ser contraditório com a proposta aparentemente humanista do filme)
até o momento final. Com sua trilha igualmente melosa, composta pelo mesmo Rota
que fará seu nome com Fellini, apóia-se na “lógica dos sentimentos”, única
possível, por exemplo, para explicar o porquê dos 24 recém-salvos prisioneiros
de guerra não se rebelarem para dividir um espaço mais digno dentro do
submarino e se contentarem passivamente em rezar mesmo sob a iminência de
morrerem afogados com a imersão do mesmo. Ou ainda a patética cena de
confraternização natalina, cuja densidade é tão frágil quanto a própria árvore
de natal jogada ao chão, logo quando o primeiro chamado para o retorno as
operações militares se sucede, demonstrando igualmente o quanto tudo se
encontra servil apenas a sua lógica narrativa, por sinal bastante fraca. Deve-se ter em conta que mesmo com toda as sofríveis interpretações e enredo, o
filme foi uma produção certamente acima do padrão convencional do cinema
italiano do período, algo perceptível até pelo uso das cores, algo considerado como
luxo então. Prêmio OCIC no Festival de
Berlim. Excelsa Film. 90 minutos.
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