Filme do Dia: Guerra de Canudos (1997), Sérgio Rezende
Guerra de Canudos (Brasil, 1997).
Direção: Sérgio Rezende. Rot.Original: Paulo Halm&Sérgio Rezende.
Fotografia: Antônio Luiz Mendes. Música: Edu Lobo. Montagem: Isabelle Rathery.
Com: Cláudia Abreu, Selton Mello, Paulo Betti, Marieta Severo, José de Abreu,
José Wilker, Tonico Pereira, Dandara Ohana Guerra.
A Jovem Luíza (Abreu) abandona sua
família quando esta decide seguir o grupo de Antônio Conselheiro (Wilker), que
vai fundar uma comunidade regida por seu domínio carismático. Vai parar em uma
cidade, onde torna-se prostituta e desperta a paixão de um militar da primeira
das expedições fracassadas a Canudos e que vai viver próximo a região.
Refugiando-se da humilhante segunda batalha, um grupo de soldados quase chega a
assassinar o casal, sendo impedidos por um tenente idealista (Mello), que o
recruta para a terceira expedição, que será liderada por um famoso militar,
General Arthur Oscar (Abreu), que tem fama de sanguinário e cortador de
cabeças. Incorpora-se a expedição um jornalista de guerra, que nos momentos de
paz faz às vezes de fotógrafo. O marido de Luiza morrerá em ato de bravura,
enquanto a jovem volta às práticas da prostituição, ainda que o tenente tenha
procurado dissimulá-la com sua paixão. Entre a cruz e a espada, a jovem retorna
a Canudos e encontra sua família em situação de penúria extrema e sabe da morte
do irmão em combate. Revolta-se contra seu pai (Betti) por não querer abandonar
a cidade. Após muitas batalhas, e a morte de Conselheiro, os oficiais destroem
a comunidade e assassinam sua mãe à sangue-frio, matando seu pai no último
conflito. Resta a Luiza refazer a vida com a irmã Teresa (Guerra), a quem
prometera não abandonar.
Superprodução que
tem como pontos positivos um contato saudável com o grande público e um bem
cuidado trabalho de cenografia e fotografia, e alguns belos close-ups, além de momentos isolados em
que consegue desenvolver os conflitos dramáticos e de outros em que surge uma
inesperada veia cômica, como quando o tenente descobre da pior forma possível
que o coronel (Pereira) que lidera a primeira invasão, sofre de epilepsia. Como
pontos negativos uma mal acabada trilha sonora, fraca e desigual direção de
atores e, pior, desestimulante e esquemático roteiro, que muitas vezes se
concede um maniqueísmo fácil através de personagens “historicamente corretas”
como a do jornalista ou ainda quando tenta se libertar dos clichês sobre
Canudos, como dos monarquistas contra a República - como no momento de dúvida
do mesmo jornalista que já se encontra há três anos na região -e apenas os
reafirma como uma exceção. Entre as interpretações sofríveis e não menos
esquemáticas se encontram a do líder do exército da última expedição vivido por
Abreu e a do próprio Conselheiro. Buscando o meio termo entre o mero
entretenimento e a preocupação em apresentar fatos históricos, o filme não
atinge o que seus congêneres apresentam, seja a coreografia da violência mais
bem acabada dos filmes americanos ou a presença de espírito e o sofisticado
trabalho de direção de atores dos filmes europeus que também mesclam temática
histórica à entretenimento como Caindo no Ridículo e Rainha Margot. Sua
maior fraqueza: a falta de autenticidade e de aprofundamento nos conflitos,
como a que se consegue captar em certos momentos de filmes como Sertão
das Memórias, que é tomada aqui como mera busca da verossimilhança e do
realismo no seu sentido mais chão, já que a própria esquematicidade do roteiro
- como no exemplo-mor da garota que abandona à família e no seu primeiro
contato na cidade já dá de cara com a dona de um bordel - compromete até mesmo
esta. De qualquer forma, uma tentativa que não deve ser desprezada de todo.
Morena Filmes/Sony Corporation of América/Columbia Pictures Television
Trading/Riofilme/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal da
Cultura. 170 minutos.
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