Filme do Dia: Irreversível (2002), Gaspar Noé



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Irreversível (Irréversible, França, 2002). Direção e Rot. Original: Gaspar Noé. Fotografia: Benoît Debie & Gaspar Noé. Música: Thomas Bangalter. Montagem: Gaspar Noé. Dir. de arte: Alain Juteau. Figurinos: Laure Culkovic. Com: Monica Bellucci, Vincent Cassel, Albert Dupontel, Jo Prestia, Philippe Nahon, Stéphane Drout, Jean-Louis Costes, Mourad Khima.
               Marcus (Cassel) e seu amigo Pierre (Dupontel), procuram no submundo do sexo e da violência em Paris um homem conhecido como Tenia (Prestia), responsável pelo estupro de sua namorada, Alex (Bellucci), grávida dele. A investigação o  leva ao clube de sado-masoquismo gay Rectum.

               Essa incursão ao mundo do crime é um compósito do que há de pior no cinema contemporâneo: um vazio absoluto de idéias é secundarizado por efeitos moderninhos como uma montagem quase que integralmente de trás para frente e por uma violência presa de seu próprio exibicionismo voyeurista em seu tom mais sensacionalista -  como na abominável seqüência em que um homem tem sua cabeça massacrada por um extintor de incêndio ou que a protagonista é estuprada por um desconhecido em um túnel. Ou ainda uma cansativa seqüência inicial em que se percebe muito pouco da ação do protagonista na boate, glamorizando redundantemente um universo por demais já glamorizado nas telas e que poderia ter sido exibido sem qualquer outro efeito, provocando aí sim um choque pelo que apresenta de patético e banal. Para piorar tudo, procura dar um verniz intelectual recorrendo a uma citação sobre a destruição de tudo pelo tempo, que seria o mote para sua ação às avessas e fazendo inúmeras referências a Kubrick, como na utilização de sétima sinfonia de Beethoven. Porém, se em Laranja Mecânica, a violência não se encontrava dissociada da reflexão e em Pulp Fiction a violência era atrelada com um humor e inovações narrativas, aqui nem reflexão crítica ou sensibilidade narrativa, apenas a exibição de cacoetes que procuram reforçar o gratuito incômodo que pretende provocar como a seqüência final, que se utiliza do mesmo efeito de flicagem sobre a tela branca, prática usual da vanguarda do New American Cinema, na década de 1960. Uma dos elementos que se ressaltou na divulgação do filme foi o caráter de improvisação de muitas cenas e praticamente a inexistência de um roteiro – como, por exemplo, no que pretensamente foi um erro de filmagem e não uma private joke quando Vincent Cassel responde que se chama Vincent e não o nome do personagem – o que, por si só não significa nada. Godard, por exemplo, embora igualmente trabalhe sem roteiros formais, sempre deixou bem claro que já possuía uma série de idéias que eram reelaboradas a partir do momento da filmagem, o que não parece ser o caso aqui. 120 Films/Eskwad/Grandpierre/Les Cinémas de La Zone/Nord-Ouest Productions/Rossignon/Studio Canal. 95 minutos.

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