Filme do Dia: O Baile dos Bombeiros (1967), Milos Forman
O
Baile dos Bombeiros (Horí, má Panenko,
Tchecoslováquia/Itália, 1967). Direção: Milos Forman. Rot. Original: Milos
Forman, Jaroslav Papousek & Ivan Passer sob argumento de Vaclav Sasek.
Fotografia: Miroslav Ondricek. Música: Karel Mares. Montagem: Miroslav Hajek.
Dir. de arte: Karel Cerný. Cenografia: Vladimir Macha. Figurinos: Zdena
Snajdarova. Com: Jan Vostrcil, Josef Sebánek, Josef Valnoha, Frantisek Debalka,
Josef Kolb, Jan Stockl, Vratislav Cermák, Josef Rehorek.
Em uma pequena cidade da Tchecoslováquia a guarnição dos
bombeiros organiza uma festa para toda a comunidade local. Durante o baile
ocorre um pouco de tudo, como um frustrado concurso de misses para um grupo de
velhos militares oportunistas ou um incêndio na casa de um velho senhor ao lado.
Organiza-se uma rifa solidária para beneficiar o velho senhor, mas todos os
artigos que seriam rifados acabam sendo surrupiados.
Esse, que é o primeiro filme colorido de Forman e que o
projetou internacionalmente, certamente possui uma estrutura de identificação
bem menos fácil que seus dois filmes anteriores para o cinema (Os Amores de uma Loira, Pedro, O Negro). Aqui toda a narrativa
se condensa sobretudo nas poucas horas
em que ocorre o baile que dá nome ao filme, não existe personagens principais ou
secundários e tampouco uma linha narrativa mais fechada. Seu aspecto alegórico,
bem mais enfático que o das produções anteriores, lhe rendeu a censura no seu
próprio país. O desarticulado e patético grupo de bombeiros é uma mais que
explícita representação da enferrujada máquina administrativa eslovaca, incapaz
seja de organizar um concurso de misses ou de salvar uma casa de um incêndio ao
lado do baile da corporação. Em um
estado tão corporativo quanto a milícia descrita no filme, restam aos seus
cidadãos as pequenas trapaças às escondidas. Dito isso, trata-se de um filme
menos interessante que os seus anteriores. Os toques de poesia sob uma chave
realista mais convencional aqui se transformaram em uma sucessão de situações
satíricas que soam por demais mecânicas e – pior – pouco engraçadas, ao menos
até um momento bem avançado do filme. Algumas poucas exceções verdadeiramente
cômicas são a da senhora que assume a coroa de miss, após todas as garotas terem
literalmente fugido. Talvez um dos momentos mais interessantes seja o
que todos param em sinal de alerta da
sirene, situação que brevemente provoca uma suspensão na festa e, portanto, na
próprio ritmo que a narrativa ia se desenrolando. Segue-se então talvez a
seqüência mais interessante de todo o filme, quando o incêndio é observado por
toda a fauna de tipos ali presentes. Vostrcil, presença obrigatória em todos os
filmes de Forman realizados em seu país natal, por sua própria cara, adéqua-se
perfeitamente ao estilo de humor satírico pretendido pelo realizador nesse que
é o momento mais interessante de sua carreira. Teve uma indigna versão
americana em 1999. Carlo Ponti Cinematografica/Filmové Studio Barrandov. 71
minutos.
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