Filme do Dia: Donnie Brasco (1997), Mike Newell





Donnie Brasco (Donnie Brasco, EUA, 1997) Direção: Mike Newell. Rot.Adaptado: Paul Attanasio, baseado no livro  Donnie Brasco: My Undercover Life in the Mafia, de Joseph D. Pistone & Richard Woodley. Fotografia: Peter Sova. Música: Patrick Doyle. Montagem: Jon Gregory. Com: Al Pacino, Johnny Depp, Michael Madsen, Bruno Kirby, James Russo, Anne Heche, Zeljko Ivanek, Gerry Becker, Robert Miano, Rocco Sisto, Zach Grenier, Ronnie Farer, Val Avery, Larry Romano, Keenan Shimizu.
        1978. Acreditando-se em vias de ser promovido, o mafioso Lefty (Pacino), resolve adotar o traficante de jóias Donnie Brasco (Deep), e agregá-lo ao submundo da Máfia. Já a partir do primeiro contato, Lefty fica bem impressionado com Brasco - ele, a olho nu, não só descobre que alguém vendera uma jóia falsificada para Lefty como espanca o homem em um bar. O que Lefty não sabe é que Brasco é, na verdade, agente do FBI e passa a viver uma vida dupla, entre os corredores da Máfia, onde grava boa parte do que convive, e a vida com a esposa Maggie (Heche), que desconfia que sua ausência permanente se deve a infedelidade. Como não sabe que Brasco é casado, Lefty convida-o a passar o Natal com sua mulher, Anette (Farer) e impossibilitando-o que este passe com sua família. Admitido sem maiores problemas no meio mafioso, Brasco acompanha o tenso Lefty a um encontro com um antigo subordinado seu Sonny (Madsen), em plena ascensão. O superior de Lefty foi recentemente assassinado e ele também não espera sair vivo do encontro, embora saiba ao final que Sonny o chamara para comunicar sua ascensão ao cargo que deveria ser o de Lefty, o que o deixa enfurecido, já que carrega 26 crimes e muito mais anos de serviço nas costas. Intimidado por um superior seu do FBI para que se mude para Miami, já que acreditam que Brasco se encontra envolvido demais com o caso, este se recusa e arma um plano para que a Máfia nova-iorquina ponha os pés na Flórida, através da fachada de um bar. Visitando o local com Donnie, Lefty se entusiasma e, ainda  mais, quando sabe que Donnie conseguira um iate para o encontro que pode mudar a vida de Lefty,  com o chefão mafioso local Santo Trafficante (Avery). Assim que Trafficante chega, no entanto, a primeira coisa que pergunta é por Sonny. Indignado com o provável ato de traição de Donnie, que tem por filho (já que o verdadeiro só lhe traz desgostos: é viciado), Lefty se diz enojado, enquanto Sonny, após certa ressistência de Brasco, afirma que agora ele é dele. Completamente obcecado por sua missão, Brasco esmurra um agente do serviço que lhe reconhece ao lado dos mafiosos, para despistar. A festa mafiosa em um cassino-boate, fechado para fictício evento benificente, que na verdade celebraria o acordo entre Sonny e Santo Trafficante finda com uma chegada inesperada da polícia e todos sendo levados à cadeia. Quando lá se encontram, Lefty percebe que existe um espião no grupo. Um novo contato com a família apenas revela que sua esposa já não aguenta mais a separação constante e o leva juntamente para um psicológo (Grenier), tendo uma reação altamente brutal do cada vez mais insensível Brasco na saída e afirmando que quer o divórcio. Por outro lado, retorna a Nova York, onde visita um Lefty desesperado no hospital, já que seu filho viciado se encontra entre a vida e a morte. Brasco fica no carro na operação de Sonny para assassinar seu rival Sonny Red (Miano) e comparsas. Porém presencia e participa de atos atrozes como o assassinato de Nicky (Kirby), amigo muito próximo de Sonny e Lefty, pelo último e tem que cortar os cadáveres da chacina. No carro ele se exaspera com Lefty, afirmando que Nicky não era um traidor. É escolhido pelo grupo para assassinar o filho de Sonny Red, que anda a solta e a caça dos asssassinos do  pai. O assassinato será também uma prova de fogo de que ele não é espião, já que ultimamente suspeitas tem recaído sobre ele. No momento em que se encontram no cais, Brasco pretende entregar uma pequena fortuna a Lefty para que ele abandone o mundo do crime organizado - para pegar o dinheiro foi em casa e esmurrou a mulher, afirmando que não podia deixar Lefty morrer por sua causa, ao mesmo tempo afirmando que agora era um deles. Este, como resposta lhe mostra que o iate que Brasco conseguira em Miami era do FBI, quase com a certeza de ser Brasco o espião. No momento em que Brasco tem que decidir entre matar o filho de Sonny Red ou ser morto por Lefty o FBI chega e prende Lefty. Brasco é condecorado com uma medalha e 500 doláres pelo serviço. Antes disso, o FBI aparecera no esconderijo de Sonny e mostrara a ele, Lefty e seu grupo que Brasco era na verdade um agente deles. A investigação leva a prisão de mais 200 mafiosos.
Partindo de fatos reais (como Cassino), o filme consegue ser um excelente representante da dramaturgia ligada ao filme de gângster, o último gênero clássico que parece ressistir aos tempos (como comprova novamente Cassino). Além das lutas de poder e hierarquia tradicionalmente associadas ao gênero, também são bem desenvolvidos o conflito de identidade de Brasco entre sua vida tranqüila e familiar anteriormente, e o seu envolvimento com o mundo do crime, como - e principalmente - os dramas de um mafioso que sempre sucumbe aos problemas quanto a ascensão profissional nunca efetuada, a descoberta das traições de seu filho adotivo ou a saúde do filho real. É o personagem de Lefty (vivido por um excelente Pacino)  e o tom que dá a sua frustração que empresta uma certa grandeza e dimensão humana e mesmo existencial ao filme, já que o conflito por que passa Brasco não é vivido à altura por Deep. Na trilha alguns hits da época em que se passa a ação. Em uma das sequências mais inesperadas, Brasco se recusa terminantemente a tirar os sapatos como manda a tradição japonesa e exige o maitre (Shimizu), já que guardava um gravador dentro, e este acaba sendo vítima de espancamento por parte dos mafiosos, deixando Brasco horrorizado, apesar de também participar do espancamento. Baltimore Pictures/Mandalay Ent./Mark Johnson Productions/TriStar Pictures. 127 minutos.


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