The Film Handbook#86: Elem Klimov

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Elem Klimov
Nascimento: 09/07/1933, Volvogrado, União Soviética
Morte: 26/10/2003, Moscou, Rússia

Com o advento da glasnost torna-se agora possível se assistir a obra de Elim Germanovich Klimov no Ocidente. As mudanças de orientação política na União Soviética tem também afetado sua carreira: em desacordo com as autoridades repressoras por muitos anos, sua integridade descompromissada finalmente o levou a sua promoção como Primeiro Secretário do Sindicato dos Realizadores.

Originalmente engenheiro de aviação, Klimov se viu em apuros com seus três primeiros filmes - espirituosas sátiras pouco vistas no Ocidente - que fizeram uso original da fantasia. Seu longa de graduação Dobro Welcome , or No Authorized Admittance/Pozhalovat, ili Postoronnim vkhod Vospreschchen diz respeito a um jovem rebelde que causa destruição em uma colônia de férias; Adventures of a Dentist/Pokhozhdeniya Zubnogo Vracha retrata a celebração inicial e posterior descrédito de um dentista que é capaz de arrancar um dente sem dor e sem anestésico; e Sport Sport Sport mistura documentário, narrativas grandemente oníricas e paródia para criar uma colagem surreal descrevendo uma competição internacional. Claramente alegórico (com o segundo nitidamente refletindo a situação dos artistas soviéticos), os filmes foram considerados subversivos e rapidamente censurados após completos; seu próximo filme, de fato, tornou-se um projeto de Klimov somente na metade de sua realização, quando seu diretor original, o veterano Mikahil Romm, morreu.

Diversos anos se passaram antes que ele completasse, em 1975, Agonia Rasputin/Agoniya, um épico caótico sobre as relações de Rasputin com a família Romanov nos últimos anos antes da Revolução Bolchevique. Novamente a fantasia, sob a forma visões alucinatórias de um monge camponês perturbam a narrativa que rompe tabus (Rasputin nunca havia sido visto em um filme soviético, enquanto o Tzar Nicolau é observado sob uma luz semi-favorável), porém o filme é enfadonho e incoerente; não surpreendentemente, talvez, sua ênfase em sexo, violência e religião proporcionaram que não fosse lançado por quase uma década. Além do que, até a trágica morte de sua esposa, a diretora Larisa Sheptiko, em um acidente de carro em 1979, Klimov se encontrava incapacitado de realizar filmes.

Após a curta e tocante fotomontagem Larisa, Klimov levou a frente um projeto que havia sido instigado por sua esposa: Farewell/Proshchanie>1 é, ironicamente, de longe, o melhor de seus filmes lançados no Ocidente. Um poderosamente elegante história sobre os ritos mortuários de uma remota vila siberiana prestes a ser inundada pelo projeto de uma hidrelétrica estatal. As imagens elegantes destacam o amor de seus velhos moradores orgulhosamente protegendo suas casas contra as forças destrutivas do progresso, evocando um quase panteístico senso de Natureza; a terra é tanto uma raison d'étre do conflito entre passado e futuro quanto uma força que governa as vidas simples e dignas dos ilhéus. O filme, ao mesmo tempo - uma hipnoticamente bela e poeticamente simples meditação -  um comovente tributo à esposa de Klimov.

Vá e Veja/Idi i Smotri>2, vagamente baseado nas memórias de guerra do diretor e ambientado na Bielorússia em 1943, segue um jovem guerrilheiro na brutal e sanguinolenta carnificina da invasão nazista: após testemunhar a aniquilação de uma vila inteira o jovem surge envelhecido e incrédulo. Guiado por uma rara intensidade emocional, o filme retorna ao estilo excessivo de Agonia Rasputin, regojizando-se em justaposições surreais e efeitos expressionistas para criar um retrato lúgubre e entorpecido dos horrores do Fascismo. Mesmo o filme sendo manipulativo, no entanto, a virtuosidade de Klimov é evidente em cada cena composta de forma pictórica.

Ao rejeitar os princípios do Realismo Socialista Klimov, como muitos de seus contemporâneos, optou por borrar as linhas entre naturalismo, fantasia e documentário. Uma acentuação demasiada sobre o estilo em oposição ao sentido é o resultado ocasional; igualmente, no entanto, são permitidos trânsito livre a ambição e imaginação.

Cronologia
Pode-se comparar Klimov com outros realizadores soviéticos modernos: Tarkovski, Paradjanov, Konchalovski, Nikita Mikhalkov, Tengiz Abuladze, Alexei Gherman, Otar Iosseliani, Gleb Panfilov, Vadim Abdrashitov, Alexander Mindadze e, naturalmente, Shepitko.

Destaques
1. Farewell, URSS, 1981 c/Stefaniya Stayuta, Lev Durov, Alexei Petrenko

2. Vá e Veja, URSS, 1985 c/Alexei Kravchenko, Olga Mironova, Vladas Bagdonas

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 149-50.

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