Filme do Dia: Frida (2002), Julie Taymor
Frida (EUA, 2002). Direção: Julie Taymor. Rot.
Adaptado: Clancy Sigal, Diane Lake, Gregory Nava & Anna Thomas, baseado no
livro Frida: A Biography of Frida Kahlo, de Hayden Herrera. Fotografia:
Rodrigo Prieto. Música: Elliot Goldenthal. Montagem: Françoise Bonnot. Dir.
de arte: Felipe Fernández Del Paso & Bernardo Trujillo. Cenografia: Hania
Robledo. Figurinos: Julie Weiss. Com: Selma Hayek, Alfred Molina, Valeria
Golino, Mia Maestro, Roger Rees, Diego Luna, Patrícia Reys Spíndola, Margarita
Sanz, Geoffrey Rush, Antonio Banderas, Edward Norton.
A
jovem Frida Kahlo (Hayek), interessada por arte e filosofia, não cansa de
apreciar a arte do famoso muralista Diego Rivera (Molina). Após sofrer um grave
acidente de trânsito que a deixaria com seqüelas pelo resto da vida, necessita
vivenciar um doloroso processo de isolamento social, agravado pela partida do
namorado Alejandro (Luna). Passa, então, a cada vez mais se dedicar à pintura.
Quando se encontra em possibilidades de se locomover, leva alguns de seus
quadros para Rivera apreciar, surgindo uma sólida amizade, que logo se
transforma em paixão sexual e, por fim, casamento, com a desaprovação da
conservadora mãe, Matilde (Spíndola) e com a reservada aprovação do pai,
Guillermo (Rees), satisfeito com o fato de Rivera ter saldado todas as dívidas
familiares, contraídas devido ao tratamento de Frida. Frida, inicialmente
tímida, logo se impõe tanto a arrogância da ex-mulher de Rivera quanto à
própria infedilidade incorrigível do marido, traindo-o igualmente com outras
mulheres. No auge da fama, Rivera conquista as graças dos EUA, mas o sucesso
logo é afetado pelo teor comunista de um mural que realiza para o magnata
Nelson Rockefeller (Norton). Após mais de dez anos de casamento, Frida decide
ir morar sozinha após flagrar o marido com a própria irmã, Cristina (Maestro).
O reencontro entre os dois se dará quando Rivera pede que Frida acolha o
revolucionário russo Trotsky (Rush), na residência de seu pai. Embora aparentemente
vivendo como casal, Frida não só não mantém mais qualquer relação com Rivera,
como tem um caso com o líder russo. Com uma perna amputada e sofrendo um
agravamento das dores que a levam a tornar-se dependente de morfina, além de
alcoolátra, ainda assim Frida se faz presente, em sua própria cama, à abertura
de sua primeira exposição.
Mesmo
que o filme tenha algumas virtudes, em grande parte graças a boa interpretação
de Hayek no papel-título e a bela fotografia, que procura recriar os tons fortes
do universo de Kahlo, o resultado final é intensamente prejudicado pela
superficialidade com que o filme narra sua vida, marcada pelo mesmo humor
histérico e pretensamente irônico e pós-moderno de filmes como Orlando –
aliás igualmente pontuando a narrativa com o uso de modestos e charmosos
efeitos não naturalistas. Isso para não comentar o fato de ser falado em
inglês, acentuando – dessa vez, sem dúvida alguma involuntariamente – o seu
caráter fake. Em termos de biografias de artistas contemporâneos, um filão
que possui como maior chamariz explorar aspectos exóticos dos mesmos, o filme é
inferior a Antes do Anoitecer, que consegue dar um retrato mais
aprofundado de seu biografado, mesmo que tenha sido uma opção voluntária de
recriar Frida mais como um ícone, como algumas de suas próprias pinturas, que
propriamente uma personagem convencional. A vida atribulada da pintora já foi
tema de mais de meia-dúzia de filmes, entre ficções e documentários, desde a
década de 1970. Handprint Ent./Lions Gate Film Inc./Miramax
Films/TriMark/Ventanarosa Productions. 123
minutos.
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