Filme do Dia: Labirinto de Paixões (1982), Pedro Almodóvar


Labirinto de Paixões Poster


Labirinto de Paixões (Laberinto de pasiones, Espanha, 1982). Direção: Pedro Almodóvar. Rot. Adaptado:  Pedro Almodóvar & Terry Lennox, baseado no conto do último. Fotografia: Ángel Luis Fernández. Música: Pedro Almodóvar,  Bernardo Bonezzi &  Fany McNamara. Montagem: Miguel Fernández,  Pablo Mínguez &  José Salcedo. Dir. de arte: Pedro Almodóvar & Andrés Santana. Figurinos: Alfredo Caral &   Marina Rodríguez. Com: Cecilia Roth,  Imanol Arias, Helga Liné, Marta Fernández Muro,  Fernando Vivanco,  Ofelia Angélica,  Ángel Alcázar,  Concha Grégori, Antonio Banderas, Agustín Almodóvar, Teresa Tomás, Eva Carrero, Pedro Almodóvar.
             Sexília (Roth) tem traumas com sol, além de ser ninfômana. A psicológa Susana (Angélica), atraída pelo pai  (Vivanco) de Sexília, médico de reconhecimento internacional por suas pesquisas no campo da fecundidade animal e humana, promete que a curará. O pai de Sexília tem entre suas clientes a ex-imperatriz do Tiran, Toraya (Liné). Essa procura obsessivamente pelo sobrinho Riza Niro (Arias), que se torna também objeto da paixão de seu primo Sadec (Banderas), homossexual, que é motivo de um complô de seus colegas de quarto, que querem livrar o país do sofrimento imposto pela família de Niro. Assim como também de Sexília, cantora de uma badalada banda de rock, única a quem ele revela sua verdadeira identidade de todos, menos dela. Niro, por sua vez, torna-se vocalista da banda do qual todos os integrantes foram ex-namorados da banda de Sexília, e pela qual nutre grande animosidade.  Sexília conhece a jovem Angustias (Grégori), sua fã, que vive o drama de ser estuprada quase que diariamente pelo pai, que a toma por sua mulher, desde que essa o abandonou. Sexília descobre que o motivo de seu trauma se encontra em um dia ensolarado na praia, em sua infância, quando o pai havia sido convidado para conversar com o então marido de Toraya, o xá de Tiran, enquanto sua esposa tentava seduzir Riza Niro. Sexília, que assiste a cena, prefere então se entregar ao grupo de amiguinhos de Niro. Transforma  Angustias em uma clone sua. Nessa condição resolve o problema da falta de interesse sexual do pai de Sexília, enquanto o pai de Angustias retorna a uma vida afetiva mais ortodoxa com o retorno da esposa (Tomás). Perseguidos pelo grupo de estudantes do qual Sadec faz parte, assim como por Toraya e pelo ex-vocalista da banda, que foi destronado por Niro, a opção de Niro, Sexília e a banda é viajar para o Panamá.
           Comédia que, até mesmo para os padrões rocambolescos do cineasta, não poupa nos excessos. Sua hilaridade é proveniente, sobretudo, da forma com que escancaradamente lida com os artifícios de um psicologismo barato que foi a coqueluche no cinema clássico americano (Hitchcock sendo o melhor exemplo). Assim, o pai de Sexília descobre que, embora internacionalmente reconhecido, sente-se frustrado já que seus periquitos clonados não cantam, assim como a filha de proveta que desenvolveu é, na verdade, um monstro de mau caratismo. Porém, logo surge a ideia de Angustia de alimentar os bichos com vitaminas e o doutor volta a ter uma vida sexual normal. Na mesma linha segue-se  a “cura” da ninformania e homossexualidade de Sexília e Niro, respectivamente. Ou ainda o episódio da praia, que é central para a estrutura da narrativa. Também é do cinema clássico americano que Almodóvar se espelha para retrabalhar o conto da fã que fica no lugar da estrela (notadamente em A Malvada, retrabalhado de maneira dramática em seu posterior Tudo Sobre Minha Mãe). Utilizando-se do flashback, o faz de forma magistral na primeira inserção. Não menos óbvias são as referências ao Irã. Segundo longa do cineasta,  com canções da época da Movida Madrileña, ainda que menos interessantes que as presentes em seu primeiro longa, Pepi, Luci y  Bon (1980). Utilização de trilhas de Nino Rota elaboradas para A Doce Vida (1960) e Rocco e Seus Irmãos (1960). Alphaville. 100 minutos.

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