Filme do Dia: Tommy (1975), Ken Russell
Tommy (Reino Unido, 1975). Direção: Ken
Russell. Rot. Adaptado: Ken Russell, baseado no álbum e argumento de Pete
Townshend. Fotografia: Dick Bush, Robin Lehman & Ronnie
Taylor. Montagem: Stuart Baird. Dir. de arte: John Clark. Figurinos: Shirley
Russell. Com: Oliver Reed, Ann-Margret, Roger Daltrey, Elton John, Eric
Clapton, Tina Turner, John Entwistle, Jack Nicholson, Keith Moon, Paul
Nicholas, Barry Winch.
Criança (Winch) se torna cega, surda e muda após um trauma
emocional de testemunhar o assassinato de seu pai pelo padrasto (Reed).
Quando jovem torna-se o rei do pinball, e objeto de adoração e louvor por uma
multidão de jovens.
É a lógica do
excesso que se torna pressuposto desse cansativo musical que além de abdicar de
diálogos (assim como, por exemplo, a seu modo fizera Os Guarda-Chuvas do Amor, de Demy) também o faz propriamente de uma
narrativa linear, ao contrário do filme de Demy. Antes parece se assistir a um
encadeamento de videoclipes em que o maior elemento de ligação acaba sendo a
própria histeria e o kitsch – talvez
melhor representado pela tosca seqüência na qual Tommy, vivido sofrivelmente
por Daltrey a maior parte do tempo, corre por entre imagens de fundo, numa
colagem visual que consegue condensar muito do mau gosto do estilo visual de
uma época. Ao final de contas como não poderia ser excessivo um filme dirigido
por Russell, conhecido por uma trilogia de releitura “pop” dos “astros” da
música erudita Tchaikovski, Mahler e Lizst (este realizado imediatamente após
este filme) e a proposta de adaptar uma
“ópera-rock” de The Who? O resultado final apresenta saídas visuais que primam
pela auto-condescendência e excessiva facilidade com que tudo é traduzido de
forma praticamente literal. Para mais uma comparação desfavorável em relação ao
filme de Demy, basta igualmente apontar a ironia fácil com que são
ridicularizados os cacoetes dos filmes clássicos, em contraposição a arguta
sutileza daquele. Soma-se, portanto, à tradição de pretensiosidade vazia que
acompanha as investidas cinematográficas de outras bandas pop como Beatles (Magical Mystery Tour), Monkees (Os Monkees Estão Soltos) ou Led Zeppelin
(as encenações que entremeiam os números no palco da banda em Rock é Rock Mesmo) e Pink Floyd (The Wall). Destaque para as presenças de
Tina Turner como a Rainha do Ácido e Elton John, no talvez melhor momento do
filme, encarnando o rei do pinball com Pinball
Wizard. Ainda na trilha Listening to You, I`m Free, Do You Think It´s All Right?, entre várias outras. RSO/Hemdale Film.
111 minutos.
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