Filme do Dia: Chuva de Pedras (1993), Ken Loach
Chuva de Pedras (Raining Stones, Reino Unido, 1993). Direção:
Ken Loach. Rot. Original: Jim Allen. Fotografia: Barry Ackroyd. Música: Stewart
Copeland. Montagem: Jonathan Morris. Dir. de arte: Martin Johnson & Fergus
Clegg. Figurinos: Anne Sinclair. Com: Bruce Jones, Julie Brown, Gemma Phoenix,
Ricky Tomlinson, Tom Hickey, Mike Fallon, Ronnie Ravey, Lee Brennan, Jonathan
James.
Bob (Jones), luta para sobreviver
fazendo pequenos bicos, como roubar ovelhas para vender a carne em Londres,
arrancar a grama de um clube da elite conservadora ou limpar esgotos. Tendo
tido seu furgão roubado, principal instrumento de trabalho, ele agora se
desespera, sobretudo, com a forma de levantar dinheiro para a primeira comunhão
da filha Coleen (Phoenix). Pede dinheiro emprestado a uma financeira, enquanto
passa a trabalhar como segurança em uma boate e a mulher, Anne (Brown) procura
um emprego como costureira. Bob é despedido na primeira noite, ao envolver-se
em uma briga e Anne sequer é selecionada. Para piorar tudo, os agiotas invadem
sua casa e ameaçam sua filha e esposa. Bob revida atacando um deles, Tansey
(James), que morre em um acidente de carro, ao tentar fugir do local. Cheio de
culpa, o católico Bob confessa-se com o Padre Barry (Hickey), que não o
aconselha a entregar-se à Polícia. No dia da comunhão de Coleen, a Polícia anda
a procura de Bob.
Usualmente construindo seus filmes
sobre o proletariado inglês com um trabalho de câmera discreto e fotografia
desglamorizada, à guisa de um maior realismo social, assim como as notáveis
interpretações naturalistas, com profunda influência do neorrealismo (aqui, até
na semelhança com a temática-chave de Ladrões de Bicicleta) e do kitchen sink inglês, Loach consegue
resultados irregulares. Enquanto o bom mocismo de Bob repete-se em inúmeros
outros tipos de perfil semelhante (seja o igualmente troncudo Mullan de Meu Nome é Joe ou o magricela Carlyle
de Riff-Raff), a utilização de
clichês associada ao universo dos economicamente marginalizados (aqui, tendo
como mote principal a necessidade de uma cerimônia de comunhão com as melhores
roupas possíveis), soa frequentemente tão simplória e pouco inventiva quanto
sua matriz neorrealista. Aqui, na contracorrente da maioria de seus filmes com
temática ambientada no proletariado inglês contemporâneo, o final é
surpreendentemente feliz. O filme, no entanto, fica aquém dos anteriormente
citados. Prêmio do Júrio no Festival de Cannes. Parallax Pictures/Channel Four.
86 minutos.
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