Filme do Dia: Swoon (1992), Tom Kalin
swoon (EUA, 1992). Direção: Tom Kalin. Rot. Original: Hilton Als &
Tom Kalin. Fotografia:
Ellen Kuras. Música: James Bennett. Montagem: Tom Kalin. Dir. de arte: Thérèse
DePrez & Stacey Jones. Figurinos: Jéssica
Haston. Com: Daniel Schlachet, Craig Chester, Ron Vawter, Michael Kirby,
Michael Stumm, Valda Z. Drabla, Natalie Stanford, Isabela Araujo, Paul Connor.
Chicago, anos 1920.
Os amigos de universidade, amantes e filhos da classe média alta Richard Loeb
(Schlachet) e Nathan Leopold Jr. (Chester), após uma série de pequenos delitos,
dão carona a um garoto amigo do irmão mais novo de um deles, Bobby Franks
(Connor), utilizando-o como isca do que seria o assassinato perfeito. Após
entorpecer o garoto, Richard o espanca até a morte. Depois, jogam ácido
sulfúrico e tentam ocultar o cadáver do garoto em uma lagoa. Nathan, no
entanto, deixa cair seus óculos no local. Por se tratar de um modelo raro,
tendo sido vendidas somente três unidades a polícia rapidamente chega a ele e
seu envolvimento com Richard. Após acusações mútuas, ambos são condenados à
prisão perpétua. Richard é morto na prisão pouco tempo depois. Nathan cumpre
sua pena de 33 anos e depois vai morar em Porto Rico.
Esse que é o
terceiro filme a abordar o episódio (os dois outros foram Festim Diabólico, de 1948 e Compulsão
Assassina, de 1959) parece ter como motivação principal a ânsia por “tirar
do armário” o enredo de produções anteriores, talvez numa veia típica de um
cinema gay que surge com grande força
na década nos Estados Unidos. Dito isso, não há como não evocar que também as
duas produções anteriores, ainda que produzidas em um momento de códigos morais
bem mais rígidos, já haviam demonstrado uma certa simpatia por seus
protagonistas, ao menos a segunda – ainda que tenha sido a que menos tenha
evidenciado a existência de uma relação entre ambos. Se o gosto perverso por
uma certa sensação de superioridade, de viés fascista, já havia impressionado
um cineasta como Hitchcock, habitual admirador de narrativas que transferiam
tal sastisfação perversa ao próprio espectador sem que ele tomasse consciência,
aqui ele parece se transferir para a própria atitude afetada e distanciada com
que tudo pretende ser narrado. Apesar de em alguns momentos o filme sinalizar
para uma aberta empatia com seus protagonistas, sua representação deles
permanece ambígua. Em certo sentido, apesar de deixar de lado a dimensão
investigativa e o próprio processo que é o cerne do segundo, tampouco consegue
construir algo de mais sólido com relação à dimensão pessoal ou homo-erótica,
como aparentemente era de sua pretensão. Filmado, ao contrário das versões
anteriores, em estilizado preto&branco, parece se deliciar com seu estatuto
de ser uma narrativa bastante consciente de si enquanto narrativa, algo
presente em vários momentos. Destaque para a utilização de várias imagens de
acervo, inclusive dos personagens reais. American Playhouse para Fine Line
Features. 82 minutos.
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