Filme do Dia: Barton Fink - Delírios de Hollywood (1991), Joel Coen
Barton Fink – Delírios de
Hollywood (Barton Fink, EUA, 1991).
Direção: Joel Coen. Rot. Original: Joel & Ethan Coen. Fotografia: Roger
Deakins. Música: Carter Burwell. Montagem: Ethan & Joel Coen. Dir. de arte:
Dennis Gassner. Dir. de arte: Robert C. Goldstein & Leslie McDonald. Cenografia:
Nancy Haigh. Figurinos: Richard Hornugh. Com: John Torturro, John Goodman, Judy
Davis, Michael Lerner, John Mahoney, Tony Shalhoub, Jon Polito, Steve Buscemi.
Em 1941, consagrado na
Broadway, o dramaturgo Barton Fink (Torturro) é convidado para dirigir um filme
em Hollywood estrelado por Wallace Beery. Tímido e intelectual, Fink acaba
sofrendo com um processo de pressão crescente em um meio artístico
completamente massificado e diverso do seu. Certa noite, completamente
desorientado, Barton pede auxílio a Audrey (Davis), amante do renomado escritor
W.P. Mayhew (Mahoney). Porém, descobre o corpo dela morta ao seu lado e que seu
vizinho de hotel, o pacífico e bonachão Charlie Meadows (Goodman), trata-se na
verdade de um assassino que já fez
várias vítimas.
Talvez o melhor filme dos
Irmãos Coen, apresentando uma releitura do gênero noir perpassada pela crescente esquizofrenização do
personagem/narrativa, que tampouco pretende posteriormente resolver as lacunas
ou incoerências possíveis (como, por exemplo, outro filme que trabalha
relativamente bem com um personagem esquizofrênico, Spider). É fundamental para o sucesso do filme tanto a composição
dos sinistros corredores do hotel art déco em que o protagonista se
hospeda (referência direta a O Iluminado,
de Kubrick) quanto a trilha sonora e o fluente trabalho de câmera, como na
magistral seqüência em que a câmera esta envereda pelo cano da pia do banheiro,
bastante simbólica da aproximação cada vez maior por parte da narrativa
subseqüente da estrutura paranoica-esquizóide de seu protagonista. Para essa
atmosfera crescente de terror ainda coopera a excelente direção de atores, com
destaques para Torturro e Goodman. Sendo que o último atua numa das seqüências
mais célebres do filme, provocando o literal inferno no qual se transforma o
hotel, em que as chamas são certamente uma metáfora criativa e bem humorada,
mas não menos aterrorizante, para a intelligentsia
judia nova-iorquina que acabou “vendendo sua alma ao demônio” na Costa Oeste.
Enquanto a personagem de Barton foi livremente inspirada na do escritor
Clifford Odets, Mayhew é uma evidente paródia de Faulkner. Já o magnata do dono
do estúdio é uma caricatura divertida de praticamente todos os grandes magnatas
da indústria do cinema da época, mas possivelmente mais acentuadamente de Louis
B. Mayer. Primeiro filme a acumular os prêmios de filme, direção e ator em
Cannes. Circle
Films/Working Title Films para 20th Century-Fox. 116 minutos.

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