Filme do Dia: Os Deuses Vencidos (1958), Edward Dmytryk

Os Deuses Vencidos (The Young Lions, EUA, 1958). Direção: Edward Dmytryk. Rot. Adaptado: Edward Anhalt, baseado no romance de Irwin Shaw. Fotografia: Joseph MacDonald. Música: Hugo Friedhofer. Montagem: Dorothy Spencer. Dir. de arte: Addison Hehr & Lyle R. Wheeler. Cenografia: Stuart A. Reiss & Walter M. Scott. Figurinos: Adele Balkan. Com: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin, Hope Lange, Barbara Rush, May Britt, Maximilian Schell, Dora Doll, Lee Van Cleef, Liliane Montevecchi.
       A explosão da II Guerra Mundial transforma relações como a do jovem Tenente Christian Diestl, rejeitado pela sua namorada americana por seu entusiasmo pelos nazistas, ao mesmo tempo que aproxima o astro de musicais e mulherengo Michael Whiteacre (Martin) de sua namorada Margaret (Rush) e faz com que o tímido Noah se case com a provinciana Hope (Lange). Em conflito permanente consigo próprio, por não ter coragem para ir ao campo de batalha, ao contrário de Noah, que considera um herói, Michael se engaja para a batalha da Normandia, onde demonstra ser quase tão corajoso quanto o amigo. Já o confuso Christian, começa a entrar em conflito com as barbaridades que são praticadas pelos alemães como as torturas e os campos de concentração e, depois de rejeitar a perversa esposa de seu amigo Capitão Hardenberg (Schell), Gretchen (Britt), volta para os braços da francesa Françoise (Montevecchi).
        Realizando seus melhores filmes com orçamento limitado e atmosfera noir  na década anterior, Dmytryk após o grande sucesso comercial de O Grande Motim (1955), com o mesmo Brando, volta-se para produções cada vez mais ambiciosas e inócuas como essa. Utilizando-se do pano de fundo da guerra apenas para destacar fúteis relações afetivas, em grande parte inverossímeis, o resultado final é desfavorável mesmo quando comparado a outras produções similares contemporâneas, como Amar e Morrer (1958), ainda em parte tocante pela forma como consegue expressar um relacionamento e os efeitos trágicos da guerra de forma menos superficial que aqui. Reforçando velhos clichês maniqueístas, como a virtude encontrando-se como fonte substancial no modesto personagem vivido por Clift e nos valores provincianos de sua namorada em contraposição a esnobe, porém vazia, sofisticação de seu oposto, vivido por Martin e sua namorada. Dentro todos os clichês, o que talvez ainda possua algum grau de sutileza, menos pela forma que é apresentado mecanicamente por Brando (aliás, reconhecível no início apenas pela voz inconfundível no seu visual ariano) seja o de uma Europa engessada pela tradição, que praticamente impossibilita a ascensão social como nos EUA, como sendo a principal mola para o engajamento de descontentes como Christian ao nazismo. Seu excessivo sentimentalismo e a ausência de uma reflexão ainda que subliminar mais profunda sobre o que é exposto, talvez o maior drama do século XX, torna frustrante qualquer expectativa de menos pomposidade e maior vitalidade, como presente em seus filmes menos pretensiosos na RKO. 20th Century-Fox. 167 minutos.


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