Filme do Dia: O Abraço Partido (2004), Daniel Burman


O Abraço Partido (El Abrazo Partido, Argentina/França/Itália/Espanha, 2004). Direção: Daniel Burman. Rot. Original: Marcelo Birmajer & Daniel Burman. Fotografia: Ramiro Civita. Música: César Lerner. Montagem: Alejandro Brodersohn. Dir. de arte: Sebastián Goñi, Natalia Grosso & Maria Eugenia Sueiro. Figurinos: Roberta Pesci. Com: Daniel Hendler, Adriana Aizemberg, Jorge D´Elía, Sergio Boris, Rosita Londner, Diego Korol, Silvina Bosco, Isaac Fajm.
Ariel (Hendler) vive um eterno conflito com relação as suas origens, já que seu pai Elias (D`Elía) abandonou a família antes dele nascer. Irrequieto e com planos de abandonar o pai devido a sua ascendência judaico-polonesa, Ariel visita sua avó (Londner), atrás dos documentos com que pretende abandonar o pequeno comércio que divide em uma galeria de tipos provenientes das mais diversas origens. Sua vontade de partir arrefece com a vinda do próprio pai, que resolve montar um comércio diante da loja da mãe, que antes pertencia a Osvado (Fajm), uma das causas da separação dos pais.
Reflexão sobre laços de identidade nacional a partir do viés particular da imigração judaica para a Argentina, trafegando sutilmente entre o humor e o drama em chave de comédia de costumes que evoca produções italianas do gênero, porém com toques de uma inquietação particular usualmente ausentes na produção italiana. Ainda que visualmente irritante, principalmente na sua consciente apropriação dos recursos visuais que celebrizaram os cineastas do movimento Dogma-95, como a câmera na mão de inspiração jornalística, sobretudo em sua primeira metade, e a edição dinâmica e centrada sobretudo nos diálogos, o filme se beneficia de sua ausência de sentimentalismo e de seu retrato de tipos medianos que tem caracterizado boa parte da recente produção argentina. Trata-se da opção preferencial por pequenos dramas íntimos em detrimento da espetacularização associada aos filmes de gênero. Ao mesmo tempo, fica patente tanto sua vontade de representar uma Argentina cosmopolita que acolhe tipos das mais diversas origens (representados pelos comerciantes que ocupam a  galeria onde transcorre quase toda a ação do filme) quanto sua reprodução dos preconceitos dos imigrantes latinos na sociedade portenha na figura do risível paraguaio que trabalha para o irmão dos protagonista. Outra mensagem subliminar que o filme parece querer transmitir é que a identidade buscada alhures somente será encontrada quando for enfrentada, de preferência no próprio solo pátrio. O filme faz referência e apresenta imagens de Os Girassóis da Rússia (1970), de Vittorio de Sica. BD Cine/CinemaArt/Classic Film/Funds Sud Cinema/INCAA/Paradis Films/Wanda Visión S.A. 99 minutos.


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