Filme do Dia: Deixe a Luz Acesa (2012), Ira Sachs
Deixe a Luz Acesa (Keep the Lights On, EUA, 2012). Direção: Ira Sachs. Rot. Original: Ira Sachs & Mauricio Zacharias.
Fotografia: Thimios Bakatakis. Música: Arthur Russell. Montagem: Affonso
Gonçalves. Dir. de arte: Amy Williams & Laura Miller. Cenografia: Amilia
Tybinka. Figurinos: Liz Vastola. Com: Thure Lindhardt, Zachary Booth, Marilyn
Neimark, Paprika Steen, Sebastian La Cause, Julianne Nicholson, Sarah Hess,
Roberta Kirschbaum.
Já na faixa dos 40 anos, o documentarista Erik Rothman
(Lindhardt) envolve-se com o gay não assumido Paul (Booth), que possui então
uma namorada. Os dois vivenciam uma relação intensa e vão morar juntos.
No entanto, Paul passa a se tornar cada vez mais ausente. Erik descobre que ele
se encontra viciado em crack. Erik tenta acompanha-lo mas Paul afunda cada vez
mais nas drogas. Anos depois, eles tentam retomar a relação, mas Paul deixa
claro que não quer mais fazer sexo com Erik. Erik aceita inicialmente, mas aos
poucos sua ansiedade e frustração começam a ficar evidentes. Paul decide que é
o momento de darem um basta em seu relacionamento.
Mesmo trabalhando contra as expectativas mais óbvias que a
primeira metade do filme apontava, qual seja, as de Paul se recuperar do uso de
drogas, motivado por sua insegurança sexual, e o casal retomar seu idílico
momento inicial, o filme prefere apostar na constante tensão de uma relação em
que não há espaço para muito além do desassossego. E, talvez como sua maior
virtude, demonstra certa maturidade e afastamento do padrão moral médio ao
apontar para um desassossego maior por parte de Erik do que de Paul, enquanto
ex-viciado e com relação aparentemente mais problemática com o sexo. Dito isso,
não existe maiores virtudes nessa produção, além de uma segurança visual com
relação aos enquadramentos, que fogem do que poderia haver de mais óbvio no
recorte que faz de Nova York e o tom relativamente distanciado com que observa
os baixos na relação do casal. E assim consegue fugir das armadilhas de uma
elaboração no estilo positivo do politicamente correto, coroado por um
catártico final feliz, assim como da aposta no extremo oposto, centrando-se no
voyeurismo sensacionalista em torno dos excessos vinculados a drogas e sexo.
Talvez algo se dê a mão do co-roteirista, o mesmo de Madame Satã. Alarum Pictures/Parts and Labor/Tiny Dancer Films para
Music Box Films. 101 minutos.
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