Filme do Dia: Happy People: A Year in the Taiga (2010), Werner Herzog






Happy People: A Year in the Taiga (Alemanha, 2010). Direção: Dimitri Vasyukov & Werner Herzog. Rot. Original: Rudolph Herzog & Werner Herzog. Fotografia: Alexei Matveev, Gleb Stepanov, Arthur Sibirski & Michael Tarkovsky. Música: Christopher Carmichael. Montagem: Joe Bini.

No vilarejo siberiano de Bakhtia, o filme acompanha a trajetória solitária de algumas pessoas nos limites do esforço humano para sobreviver em temperaturas que chegam a 50 graus negativos no inverno e sem comunicação, água corrente ou eletricidade e tendo como principal suporte os cães na ajuda à caça. Como boa parte dos personagens da trajetória de Herzog, parece-se aqui se fazer mais uma apologia daqueles que conseguem viver à margem da modernidade, ou pelo menos da maior parte de seus usufrutos – o personagem principal acompanhado pelo filme possui um esqui motorizado. Porém, o resultado final se aproxima menos das obras do realizador, do que de uma tradição que remonta ao Nanook (1922), de Flaherty, de apresentação quase épica do cotidiano de um “ator natural” que, num generoso (?) comentário de seu realizador, não difere tanto assim dos homens do distante período glacial da Terra. Há uma grande dose de exagero em tal caracterização, quando se escuta um articulado personagem afirmar que, na verdade, todos os seres humanos terminam por se beneficiar da caça, ao come-la e que é uma hipocrisia considerar os caçadores como diferenciados apenas por matarem os animais. Há um teor de estoicismo que se encontra presente em momentos como o que o caçador descobre sua casa quase desaparecida embaixo de tanto gelo após um dia exaustivo e efetua a limpeza da mesma com um sorriso nos lábios ou que atravessa 150 km de deserto gelado para chegar até ao vilarejo para comemorar a passagem do ano. O filme é dividido nas quatro estações e finda com o final do momento das festas do natal. Studio Babelsberg. 90 minutos.


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