Filme do Dia: Menino do Rio (1982), Antônio Calmon






Menino do Rio (Brasil, 1982). Direção: Antônio Calmon. Rot. Original: Bruno Barreto, Antônio Calmon, André De Biase & Tonico De Biase. Fotografia: Carlos Egberto Silveira. Música: Guto Graça Mello.  Montagem: Raimundo Higino. Dir. de arte: Oscar Ramos.  Com: André de Biase, Cláudia Magno, Ricardo Graça Mello, Evandro Mesquita, Sérgio Mallandro, Cissa Guimarães, Cláudia Ohana, Nina de Pádua, Ricardo Zambelli,  Adriano Reys, Márcia Rodrigues.
        Valente (de Biasi) é um surfista carioca que, ao mesmo tempo que se apaixona por uma jovem da classe média alta, Patrícia (Magno) “adota” um adolescente, Pepeu (Mello), que se encontra sozinho no mundo. A jovem esnoba Valente, devido a disparidade social. Ela, na verdade, encontra-se noiva de alguém de seu meio social, Adolfinho (Zambelli). Valente, no entanto, vai a um desfile em que Patrícia se apresenta e ela o convida para seu aniversário. Na festa, a jovem fica sabendo que Valente é filho de um empresário bem sucedido de meia-idade (Reys), por quem sentira-se atraída. Ao perceber-se traído, Adolphinho   entra conflito com Valente e seus amigos surfistas. No dia do casamento do pai de Valente, quando todos parecem se encontrar na mais perfeita confraternização,  Adolfinho consegue vingar-se, entregando a Valente uma carta de Patrícia para seu pai. Valente desiste de  Patrícia  e, num gesto desesperado, entra no mar que está turbulento e começa a se afogar.  Pepeu e um amigo partem para salvá-lo, mas o adolescente morre afogado. Ao saber da notícia, Patrícia vai ao encontro de Valente, mas a situação continua tensa. Através da melhor amiga de Patrícia, fica sabendo que ela irá casar-se no dia seguinte, com  Adolfinho. Porém, ao final da cerimônia, Valente desce de asa-delta em meio a cerimônia, realizada ao ar livre, e foge com Patrícia.
Marcadamente pueril e inócuo, além de mal realizado e interpretado, o filme de Calmon é o pioneiro em uma série de produções para jovens da década de 80 que incluem Bete Balanço e Rock Estrela, que pretensamente procuram retratar as relações da juventude classe média carioca. Ao tom provinciano da história, alia-se um roteiro sofrível, permeado de clichês, como o da morte do “protegido” do casal - tal e qual Juventude Transviada e centenas de outros filmes- servindo como expiação para a reaproximação de ambos, relação amorosa entre classes sociais distintas e interpretações que beiram o grotesco, com particular destaque para o casal mais jovem formado por Ohana e Graça Mello. A inexistência de qualquer densidade psicológica nos personagens, mínima que seja, que já é percebida nos protagonistas torna-se radical nas histórias secundárias que permeiam a trama, envolvendo outros membros do grupo e que, quando tentam ser engraçadas, como na alusão a intensidade da masturbação de Pepeu, referência que pretende criar uma empatia com seu público-alvo, não vão além do vulgar. Ao maniqueísmo fácil, típico da teledramaturgia, o filme também recorre a cenas de nudez com o casal protagonista, aproveitando o período de início de uma maior liberalização da censura. Graça Mello interpreta canção  de Lulu Santos, que transformou-se em sucesso à época. Alguns dos elementos do filme foram incorporados para uma posterior série de televisão, com o mesmo de Biase como um dos protagonistas. Embrafilme/Filmes do Triângulo. 85 minutos.


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