Filme do Dia: Cortázar (1994), Tristán Bauer

Cortázar (Cortázar, Argentina, 1994). Direção: Tristán Bauer. Rot. Original: Tristán Bauer & Carolina Scaglione. Fotografia: Marcelo Camorino. Música: Rodolfo Mederos. Montagem: Tristán Bauer. Com: Alfredo Alcón (voz de Julio Cortázar), Hugo Carrizo, Aguston Goldschmidt.
           Documentário retrata um pouco do universo do escritor argentino Julio Cortazar (1914-84): sua paixão pelo boxe na juventude; sua militância política (manifesta em seu interesse por Cuba e Nicarágua); seu amor pelos passeios pelas cidades de Bueños Aires e Paris; onde lhe interessavam sobretudo os cartazes que se sobrepõem aleatoriamente nos muros (importante signos) e as pessoas; a importância do primeiro esboço de uma literatura latino-americana (ele se refere a si próprio, Vargas Llosa e Garcia Márquez); seu sentimentalismo (muitas vezes saía do cinema com o rosto encoberto para esconder as lágrimas); sua relação afetiva com  sua companheira, carinhosamente apelidada de Ursinha (1946-82); o sentimento sobre a morte (a de Ursinha, a sua própria).
           Não pretendendo ir além da linguagem convencional do documentário biográfico, o que o filme apresenta de mais tocante são realmente os depoimentos de Cortázar (narrados por si próprio, em tom grandemente emocional), não os momentos que reconstroem seu discurso na voz de outro (Alcón) ou a dramatização dele enquanto jovem (Goldschmidt). Curiosamente parece reconstituir em sua própria forma o universo de Cortázar: tom intimista, ritmo lento, melancolia, nostalgia, sentimentalismo, devaneio. Entre um dos destaques dois momentos em que Cortázar refere-se aos cartazes de rua e sua importância para sua memória e para seus escritos. Um paralelo pode ser traçado com Imagine: John Lennon (1987), outro documentário biográfico que, também utilizando de depoimentos e narrativa em primeira pessoa, procurou adequar seu ritmo - pop, meio sensacionalista -ao universo do ilustrado. La Zona. 80 minutos. 

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