Filme do Dia: O Netinho do Papai (1951), Vincente Minnelli


O Netinho do Papai (Father’s Little Dividend, EUA, 1951). Direção: Vincente Minnelli.  Rot. Original: Albert Hackett, Frances Goodrich & Edward Streetar. Fotografia: John Alton. Música: Albert Sendrey. Montagem: Ferris Webster. Dir. de arte: Cedric Gibbons & Leonid Vesian. Cenografia: Edwin B. Willis. Figurinos: Helen Rose. Com: Spencer Tracy, Joan Bennett, Elizabeth Taylor, Don Taylor, Billie Burke, Moroni Olsen, Russ Tamblyn, Hayden Rorke.
Stanley Banks (Tracy) se vê as voltas com a premente previsão de ser avô da filha recém-casada Kay (Taylor) de quem já não aprovara o casamento precipitado com  Buckley (Taylor). Logo ele que tinha planos de sair com a esposa de férias para Honolulu na primavera, numa espécie de segunda lua-de-mel. Sua rabugice é o oposto do completo maravilhamento da mulher, Ellie (Bennett), que quer que o casal vá morar com eles.  Quando o neto chega, Stan continua resistente, situação que somente muda de figura quando ele esquece acidentalmente o neto em um parque e, desesperado, vai buscá-lo na polícia.
Soporífera comédia que pretende capitalizar em cima do sucesso prévio de O Papai da Noiva, dirigido pelo mesmo Minnelli e com basicamente o mesmo elenco, lançado no ano anterior. O personagem vivido por Tracy pode ser considerado como uma espécie de versão igualmente chauvinista em terreno mais contidamente familiar daqueles vividos por protagonistas de filmes como O Pecado Mora ao Lado (1955), de Wilder. E existe o desprazer evidente entre o que é observado como pura imaturaidade e egoísmo de Stanley em não abdicar de todo da frustração em que o princípio do prazer, uma viagem promissora de férias com a esposa é substituída pelo da realidade, das obrigações sociais que abomina e aos quais participa sem disfarçar o mau humor. E, cimentando de vez sua imaturidade se encontra o momento em que abandona o bebê para fazer parte de um jogo de futebol com “outras crianças”.  Somos, portanto, levados pela voz over do mesmo ao deboche com relação às convenções sociais e rituais que circundam a antecipação e o que procede o nascimento do neto, observadas como feminilizadas e terreno completamente estranho ao turrão Stanley – a média do genro abobalhado que ele detesta, a mulher lhe pedindo opiniões sobre decoração, ser apresentado para um grupo de mulheres histéricas em um chá de baby, a histeria da mulher ao telefone para compartilhar com a melhor amiga a notícia, a aparente rejeição da criança que sempre chora quando ele se encontra próximo,  etc. E, logicamente, o final irá apresentar a “redenção” do personagem, completamente seduzido pelos encantos do pimpolho. Demasiado redundante, anêmico e, pior de tudo, nada engraçado, seu humor parece direcionado a ser o mais palatável à “família americana média” de então.  MGM. 82 minutos.

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