Filme do Dia: Karin, Filha de Ingmar (1920), Victor Sjöström
Karin,
Filha de Ingmar (Karin Ingmarsdotter,
Suécia, 1920). Direção: Victor Sjöström. Rot. Adaptado: Victor Sjöström &
Ester Julin, baseado no romance Jerusalém,
de Selma Lagerlöf. Fotografia: Gustaf Bode & Henrik Jaenzon. Dir. de arte:
Axel Esbensen. Figurinos: Isak Olsson. Com: Tora Teje, Nils Lundell, Tor Weijden,
Bertil Malmstedt, Victor Sjöström, Harriet Bosse, Nils Ahrén, Oscar Johansson.
Com a morte de sua querida Brita (Bosse), Ingmar (Sjöström),
já velho, assiste sem interferir na decisão de declinar do convite de casamento
feito por Halfvor (Weijden) por sua filha Karin (Teje), por suspeita de que ele
se transforme num futuro alcoólatra, pois Halfvor fora vítima em uma taverna
dos seus companheiros de mesa. Karin se casa com Eljas (Lundell) que, após a
morte de Ingmar, tornar-se-á um fardo com seu alcoolismo, truculência e
desapego ao trabalho. Desesperada, Karin decide levar o pequeno Ingmar
(Malmstedt) para viver em outro local, voltando a encontrar Halfvor. O jovem
Ingmar entrega a Halfvor o relógio como fora expresso por seu pai na hora da
morte. Ao rir do respeito devotado ao relógio por Halfvor, Eljas acidenta-se e
fica preso a cama. Halfvor, preocupado com as dificuldades vividas por Karin,
decide ficar com Eljas por seis meses. Eljas morre e, disposta a enfrentar a
comunidade com a mesma disposição e coragem do pai, Karin anuncia seu desejo de casar com Halfvor, diante de
três ilustres cidadãos do local.
Seqüência menos inspirada de Os Filhos de Ingmar, em que a densidade presente no primeiro é parcialmente
ofuscada por uma narrativa mais esquemática, personagens mais nitidamente
maniqueístas e de mais fácil manipulação emocional. Incorpora inclusive
momentos de humor de visível apelo imediato ao público – como a seqüência final
em que um dos pretendentes pomposos cai do cavalo e o jovem Ingmar se dirige
maliciosamente para o público para comentar sobre o namoro de Karin e Halfvor –
e sua representação do personagem de Eljas é caricatamente depreciável, como
que reproduzindo a lógica da própria comunidade puritana. Sjöstrom já faz um
uso habilidoso do flashback a partir
do material filmado na produção anterior, algo que se tornaria recorrente
posteriormente na produção cinematográfica (notadamente no ciclo Antoine Doinel
de Truffaut) e televisiva. Svenska Biografteatern. 123 minutos.
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