Filme do Dia: Ardil 22 (1970), Mike Nichols
Ardil 22 (Catch-22, EUA, 1970). Direção: Mike
Nichols. Rot. Adaptado: Buck Henry, baseado no romance de Joseph Heller.
Fotografia: David Watkin. Montagem: Sam O´Steen. Dir. de arte: Richard Sylbert
& Harold Michelson. Cenografia: Ray Moyer. Figurinos: Ernest Adler. Com: Alan Arkin, Martin Balsam, Richard
Benjamin, Art Garfunkel, Jack Gilford, Buck Henry, Bob Newhart, Anthony
Perkins, Paula Prentiss, Jon Voight, Martin Sheen, Orson Welles.
Segunda
Guerra Mundial. Capitão Yossarian (Arkin) tenta desesperadamente ser tido como
louco para ser dispensado dos vôos militares. Durante a sua tentativa, todos os
seus amigos morrem das mais diversas formas.
Nichols,
joga-se de forma ousada na representação de uma história que fica sempre
ambígua entre o real e o produto de uma alucinação de seu protagonista. E
acaba, sem dúvida, pagando por sua ousadia, mesmo que essa seja em grande parte
devida ao original literário, tendo sido não apenas fracasso de público quando
de seu lançamento quanto uma tentativa, em grande parte fracassada, de se mover
para um terreno próximo do cinema europeu, em sua ausência de causalidade e
centralidade da dimensão subjetiva somado a alguns cacoetes dos filmes de
gênero norte-americanos como a comédia e o filme de guerra. Em termos de
comédia, também se aproxima da lógica absurda das comédias inglesas como as de
Lester. O resultado final sendo eminentemente prejudicado, talvez por conta
dessa mescla não ter efetivamente rendido nada substancial, ao contrário de
outra sátira de guerra contemporânea aparentemente menos pretensiosa e com
recursos de produção bem mais modestos, MASH (1970), de Altman. O que
talvez mais prejudique o filme seja justamente a ausência efetiva de humor e
alguns momentos de tentativa banal de paródia, como a precoce sátira de 2001:
Uma Odisséia no Espaço (1968), utilizando o grandiloqüente tema de Strauss
do filme para ilustrar o momento em que surge uma garota que atrai o
protagonista (o tema musical já havia sido paradiado antes pelo cinema
brasileiro com Meteorango Kid, O Herói Intergalático). Sua montagem
circular faz com que a ordem dos episódios se torne ainda menos clara. Destaque
para os virtuosos planos-seqüência, alguns dos quais colocam em um mesmo plano
tanta informação visual que mais parecem serem fruto de alguma trucagem óptica,
o que evidentemente não são. O fato de uma produção tão cara ter entre suas
cenas uma felação praticada na rua, ainda que simulada, e outra na qual as
vísceras de um soldado agonizante saltam de seu corpo, talvez sejam bastante
evocativas do momento no qual foi produzido. Filmways Prod./Paramount Pictures
para Paramount. 122 minutos.
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