Filme do Dia: Conto de Verão (1996), Eric Rohmer



Conto de Verão (Conte d’Éte, França, 1996). Direção e Rot. Original: Eric Rohmer. Fotografia: Diane Baratier. Música: Phillipe Eidel & Sébastien Erms (canções). Montagem: Mary Stephen. Com: Melvil Poupaud, Amanda Langlet, Gwenaëlle Simon, Aurélia Nolin, Alain Guellaf, Aimé Lefévre, Evelyne Lahana, Yves Guérin.
       O jovem Gaspard (Poupaud) decide passar suas férias no vilarejo de Dinard, balneário turístico ao nordeste do litoral francês. Embora tenha viajado sozinho, havia uma vaga promessa de que lá surgisse Léna (Nolin), uma garota por quem tem demonstrado interesse. Até que Léna surja, ele  se envolve com uma garota que não pretende ser nada mais que sua “amiga”, Margot (Langlet) e pela ousada Solene (Simon). Com Margot entrevista um velho marinheiro (Lefévre) para a pesquisa dela sobre folclore. Com Solene passa um final de semana, em que compõe um música no estilo tradicional dos marinheiros. Inicialmente acreditando tratar-se de um pobre coitado, Margot pensa que Gaspard possui uma dimensão de conquistador, enquanto o próprio Gaspard não usufrui, em termos de vaidade, de suas “conquistas”, já que elas representam a difícil empreitada de decidir o mais rápido possível, qual a melhor possibilidade de vivenciar uma relação amorosa nas curtas férias. O resultado final é abraçar a música, já que recebeu uma proposta irrecusável de uma mesa de som com 16 canais.
      Terceiro filme do Ciclo das Quatro Estações do cineasta, em que Rohmer constrói sua narrativa, como usualmente, a partir de ciclo de relações afetivas imersas na mais pura banalidade cotidiana. Seu leve humor, sua proposta de narrativa realista, apoiada grandemente no espaço físico e em planos de duração relativamente longa e o carisma de seus atores desconhecidos são os grandes atrativos desse filme, mais que os subtextos de dimensão mais profunda que eventualmente a narrativa possa aludir. A seqüência da entrevista do velho marinheiro parece digna do documentarismo, com seu corte seco e aparente ausência de interpretação por parte do "não ator" em choque com a mais ensaiada participação do casal de jovens atores. A ausência de sentimentalismo e sua perspicácia em descrever o quão anti-épica é a vida moderna, nem por isso menos digna de interesse, assim como sua alusão a constante mobilidade e efemeridade das relações talvez seja o que de mais pungente se extraia do filme.  La Sept Cinema/Le Studio Canal +/Les Films du Losange/Sofilmka. 113 minutos.

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