Filme do Dia: Christophe Colomb (1904), Vincent Lorant-Heilbronn
Christoph Colomb (França, 1904). Direção: Vincent
Lorant-Heilbronn. Rot. Original: Lucien Nonguet.
Embora a extensão do que para a época tinha ares de
super-produção possa igualmente sugerir o desenvolvimento precoce rumo a
duração de filme de alguns anos após, marcada sobretudo pela produção de
Griffith para a Biograph, não se trata exatamente do caso. Como em A Vida e Paixão de Jesus Cristo, trata-se de cenas relativamente
isoladas que irão representar a travessia de Colombo e suas principais
peripécias, que podiam ser exibidas de forma independente. Como nos filmes de
Méliès de pouco antes (a exemplo do célebre Viagem à Lua), as cenas se prolongam muito mais do que seria o
habitual nos filmes de orientação mais precisa para a narrativa, ainda quando
comparados aos “filmes de perseguição”, modelo que se situa entre este Primeiro
Cinema e um cinema de maior organicidade narrativa. É o caso, por exemplo, de
Colombo sendo recebido tal qual uma estrela de cinema pelos indianos e acenando
efusivamente para os mesmos. No segmento das danças indianas – ou seria melhor
dizer indígenas, já que as indianas surgem mais próximas da caracterização das
indígenas da América – tanto se explora uma sexualidade coberta devidamente por
malhas ao evocar a nudez quanto o poder incomensurável de Colombo sobre as
culturas em questão, já que é a partir de indicações dele que é iniciada a
dança. Seus vestiários e adereços servem como pretexto para a colorização, da
qual ainda se tem uma pálida ideia a partir do material sobrevivente. Na “chegada
triunfal a Barcelona” e seu posterior recebimento pela corte, Lorant-Heilbronn
demonstra um senso mais disciplinado de postagem dos atores em cena que Méliès.
As cartelas antecipam boa parte do que acontecerá nas cenas. É curioso observar
Colombo em desgraça na prisão literalmente observando em um balão de imagem
suas glórias passadas e as vendo literalmente sumir, o que lhe provoca uma
reação semelhante a da garota protagonista de
The Little Match Seller (1902),
de Williamson, assim como uma última cena, completamente desvinculada das
anteriores, que apresenta uma homenagem ao navegador, onde fica diluído o
período histórico na qual se dá a mesma, guiada por um senso de
tributo-reparação à figura de Colombo.
Pathé Frères. 12 minutos e 43 segundos.
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