Filme do Dia: Amistad (1997), Steven Spielberg
Amistad (Amistad,
EUA, 1997) Direção: Steven Spielberg. Rot.Adaptado: David H. Franzoni & Steve
Zaillian, baseado no livro Black
Mutiny, de William Owens. Fotografia: Janusz Kaminski. Música: John
Williams. Montagem: Michael Kahn. Com: Morgan Freeman, Nigel Hawthorne, Anthony
Hopkins, Djimon Hounsou, Matthew McConaughey, Pete Postlethwaite, Stellan
Skarsgård, Anna Paquin.
Em plena expedição de tráfico negreiro
da África para os EUA, Cinqué (Hounsou), lidera uma rebelião, após assistirem
paralisados de terror o massacre de um grupo de negros jogados ao mar, por
excesso de carga. O abolicionista negro Theodore Joadsen (Freeman) e o
idealista advogado Baldwin (McConaughey) participam da defesa do julgamento,
enquanto Holabird (Postlewaite) é o promotor. Instado a fazer sua própria
defesa, Cinqué passa a ser considerado líder dos negros, após a estratégica
visita de Joadsen e Baldwin a região portuária, onde encontram um marinheiro,
que passa a servir de intérprete. Porém, as intenções de Baldwin naufragam,
quando apesar do juiz conceder ganho de causa, os advogados recorrem, por
intervenção do presidente Martin Van Buren (Hopkins), a um novo julgamento.
Cinqué, que recebe a notícia em plena comemoração dos negros pela vitória,
confuso, deixa de falar com Baldwin. Após enviar uma carta explicando toda a
situação ao presidente Buren, Baldwin é surpreendido com a visita do próprio a
ele e Cinqué. Aceitando defendê-lo na Suprema Corte, após uma conversa em que
apresenta sua coleção de plantas, Buren realiza um eloquente discurso e o ganho
da causa é dos negros, que partem de volta à África.
Ridículo filme de Spielberg, cuja principal falha é, que, engessado pela onda politicamente
correta, o filme perde qualquer ar de vida real ou de espontaneidade, tudo se
transformando num panfleto tão natural quanto os melhores filmes produzidos
pelo realismo socialista. O peso dessa procura de gravidade aos personagens e
situações, de um didatismo maniqueísta e ridículo, soa tão ou mais forte que o
dos filmes bíblicos hollywoodianos. E no meio de tanta gravidade e pompa,
momentos de um ridículo involuntário surgem nas cenas que potencialmente seriam
as mais dramáticas e que conseguem ser mais patéticas que o final de Malcolm X (1992), de Spike Lee, como no
momento em que o negro Cinqué grita em inglês pelo seu direito de ser livre.
Nitidamente procurando aplicar uma fórmula que seguiria o bem sucedido A Lista de Schindler (1993), Spielberg
naufragou fundo, permanecendo a impressão que não consegue ir muito além das
produções da Disney quando se aventura em ser “profundo”, como em A
Cor Púrpura e O Império do Sol.
Para aplacar o sentimentalismo e a pieguice rasteira, e procurar um verniz de
maior complexidade, Spielberg ainda tentou, através do promotor Holabird,
lembrar a presença da escravidão entre os próprios negros, mas qualquer esforço
já permaneceria, no mínimo, insólito, após tanta mediocridade, reforçada pela
trilha pasteurizada de Williams e uma metragem desnecessariamente longa. DreamWorks.
152 min.
Nossa, Cid! Quanta virulência. Rs! Mas não lhe tiro a razão. A boa consciência americana, quando aflora nos filmes, não presta qualquer atenção aos indivíduos e às épocas em que movimentam. Pensei que o seu comentário fosse atrair fúria dos contrários, que são muitos. Mas até que está tudo calmo.
ResponderExcluirAbraços.
é aquela coisa né, amigo...de boas intenções o inferno está cheio. Tenho dez pés atrás com a maior parte das coisas de Spielberg e escrevi isso na época que vi no cinema. Talvez hoje tivesse uma visão um pouco menos derrisória ou pelo menos elaborasse o que penso sobre ele de uma forma menos carregadamente virulenta.
ResponderExcluirSeus comentários são sempre bem vindos. Um abraço.
Sem falar que a minha memória é a de um filme péssimo, pomposo e chato. Nem sempre um tema digno rende um filme idem...e isso vale para qualquer tipo de filme, seja conservador, seja pretensamente progressista como é o caso em questão. "Lincoln" acho outra aberração tediosa. Enfim, que me desculpem os fãs do Spielberg, mas o acho um cineasta valorizado em demasia...sem falar que em parte foi por "culpa" de seu "Tubarão" que o cinema norte-americano regrediu das produções inteligentes de todo um ciclo que inicia no final dos anos 60 até meados da seguinte para o besteirol infantilizado que não apenas foi a "salvação da lavoura" para a indústria como uma tristeza para quem gosta de mais opções além do eterno mesmo filme nas telas.
ResponderExcluirE se aparecer gente pensando diferente, seria até bom demais...estou disposto a argumentar. Não vindo com má educação, que aí eu deletaria...rsrs...mas estou bem disposto a escutar quem pense diferente. abraço.
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