Filme do Dia: Cronicamente Inviável (2000), Sérgio Bianchi
Cronicamente Inviável (Brasil, 2000). Direção: Sérgio Bianchi. Rot. Original: Sergio Bianchi
& Gustavo Steinberg. Fotografia: Marcelo Coutinho & Antonio Penido. Música: Arrigo Barnabé.
Montagem: Paulo Sacramento. Dir. de arte: Beatriz Bianco, Jean-Louis Leblanc & Pablo Vilar. Com: Zezeh Barbosa, Daniel Dantas, Betty Gofman,
Umberto Magnani, Cláudia Mello, Zezé Motta, Dira Paes, Rodrigo Santiago, Dan Stulbach, Cecil Thiré, Leonardo Vieira.
Através
de breves sketches o cineasta procura apresentar um painel pessimista do Brasil
atual e as origens desse “aborto” que remontam aos 500 anos de presença europeia. O resultado é muita pretensão para pouca solidez de argumentos. Tal
fato torna-se um grave falha para um filme que se importa menos em descrever,
nos moldes da narrativa convencional, o grupo de amigos que se reúne em um
restaurante chique paulista e suas relações cotidianas, que em utilizá-los para
ilustrar as “grandes idéias” que o cineasta chegou. A acidez e o niilismo que o
cineasta explora ao longo do filme (presença marcante na cinematografia
americana recente, com outras intenções e um suporte psicológico bem mais desenvolvido
em filmes como Felicidade, Magnolia e Beleza Americana) acabam por lhe conduzir a uma postura tacanha e
cômoda, tipicamente classe média, em que o intelectual aborda tudo criticamente
do cimo de sua torre de cristal e que tem no personagem do sociólogo de
meia-idade que viaja pelo país afora seu maior exemplo. Mesmo que o intelectual
que aparenta ser o único personagem moralmente acima do que descreve acabe por
também demonstrar sua face podre, sua degradação somente vem a corroborar a
ausência de um horizonte utópico que vá além do mero atestado de inviabilidade
a que se propõe o filme. Ainda assim, possui o mérito de ser um dos poucos
filmes da produção nacional recente que busca realizar uma reflexão sobre o
momento atual e não deixa de possuir sequências
inspiradas, como a final, em que uma mulher de rua conversa com seu filho de
colo sobre a necessidade dele se manter honesto, apesar de todo o sofrimento.
Um paralelo pode ser traçado entre as suas pretensões intelectuais tipicamente
de classe média e as contidas em Nós que Aqui Estamos, Por Vós Esperamos. Por outro lado, Dezesseis Zero Sessenta, de forma mais modesta e equilibrada,
também se propõe a uma reflexão semelhante sobre alguns dos conflitos sociais
correntes. Prêmio da Juventude no Festival de Locarno. Agravo Producoes
Cinematografica . 101 minutos.
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