Após uma noite insone, o corpo esmorece,
Torna-se querido e já não é meu - nem de ninguém.
Na fleuma das veias ainda doem as flechas -
Mas sorrio para as pessoas, como um serafim.

Após uma noite insone as mãos afrouxam.
Inimigo e amigo são tão parecidos.
Há todo um arco-íris - em cada som,
E o frio de Florença traz outro perfume.

Suave os lábios empalidecem, e a sombra dourada
Perto dos olhos fundos. Esta noite deixou
Esse rosto mais iluminado - e da escuridão noturna,
Apenas a penumbra em nossos - olhos.

19 de julho de 1916

Marina Tsavetáeva
trad. Verônica Filíppovna

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