Filme do Dia: O Grupo Baader Meinhof (2008), Uli Edel





O Grupo Baader Meinhof (Der Baader Meinhof Komplex, Alemanha, 2008). Direção: Uli Edel. Rot. Adaptado: Uli Edel & Bernd Eichinger, baseado no livro de Stefan Aust. Fotografia: Rainer Klausmann. Música: Peter Hinderthür & Florian Tessloff. Montagem: Alexander Berner. Dir. de arte: Bernd Lepel & Hucky Hornberger. Cenografia: Johannes Wild. Figurinos: Birgit Missal. Com: Martina Gedek, Moritz Bleibtreu, Johanna Wokalek, Nadja Uhl, Stipe Erceg, Niels-Bruno Schmidt, Vinzenz Kiefer, Simon Licht, Bruno Ganz, Sebastian Blomberg.

1968. Uma manifestação contra o Xá Reza Pahlevi e sua esposa desencadeia uma repressão inesperadamente brutal e a morte de um dos estudantes. Pouco depois o líder pacifista Rudi Dutschke (Blomberg), sofre um atentado de um militante direitista.  Tais fatos geram uma compreensão por parte dos jovens de esquerda que a Alemanha está se transformando  num estado policial. A jornalista Ulrich Meinhof (Gedek), sempre simpática a causa dos rebeldes de esquerda que se autodenominam como Fração do Exército Vermelho, engaja-se de fato a eles e entra no mundo da clandestinidade, após uma operação que conseguiu livrar  da prisão seu líder, Andreas Baader (Bleibtreu), a quem havia dado asilo após o retorno dele do estrangeiro.  A partir de então começam a praticar uma série de assaltos a bancos e atos terroristas contra alvos da polícia ou do governo que resultam numa grave crise política para o país, incluindo explosões em um centro militar do exército americano em solo alemão ou na redação de uma editora. Comandando a operação de captura ou morte de membros do grupo se encontra Horst Herold (Ganz). Todos os principais líderes do grupo, incluindo a companheira de Andreas, Gudrun (Wokalek), são presos. Um deles, Holger Meins (Erceg),  após extenso período de greve de fome, morre na prisão. Em meio ao conturbado julgamento, Ulrich Meinhof, deprimida e confusa, assim como rejeitada por seus ex-companheiros, suicida-se. Uma nova geração de terroristas, entre os quais se encontra o jovem Peter-Jürgen Boock (Kiefer) continua as ações terroristas, assassinando um importante banqueiro alemão, após uma tentativa frustrada de seqüestro. Enquanto isso, um avião da Lufthansa é sequestrado em Mogadíscio e se exige a libertação dos membros do grupo. Uma ação da polícia mata os terroristas e liberta os sequestrados. Condenados à prisão perpetua meses antes, após saberem do desfecho do episódio do sequestro, os três principais membros sobreviventes do grupo foram encontrados mortos em suas celas, ação que foi considerada como suicídio coletivo.

O filme não se aproxima nem do romantismo over no estilo de Bonnie & Clyde, curiosamente um dos filmes favoritos do próprio Andreas Baader nem muito menos de uma análise que procure ir além do descritivo no campo das ideias ou esteticamente mais ousado, como seria, por exemplo, uma reflexão dos cineastas do Novo Cinema Alemão, que nem por isso conseguiu render aparentemente filmes marcantes sobre o tema (nem Alemanha no Outono nem A Terceira Geração são exatamente filmes representativos do coletivo de cineastas que compõem o primeiro ou de Fassbinder respectivamente). Mesmo se aproximando mais da dimensão de certa romantização do grupo se se fosse pesar numa balança, o filme de fato comunga mais do ritmo feérico de montagem que pouco espaço cede para qualquer tipo de insinuação reflexiva. Não há propriamente brechas para tal. Pretende-se aparentemente apenas se contar uma história. E, dado o estilo de sua produção, acima da média para os padrões alemães, para um amplo público. Algo semelhante ao que se fizera no Brasil com O Que é Isso, Companheiro? O mais frustrante ao se revisitar, via de regra, o conturbado período, ao menos para o espectador mais exigente, é a crescente impossibilidade de se ir além da eficiente descrição, amparada pela reconstituição de época em termos de direção de arte, canções ou um apelo nostálgico meio inócuo (caso de Os Sonhadores, de Bertolucci). Mesmo os que pretendem se aventurar além disso (caso de Bom Dia, Noite, de Belocchio) tampouco avançam em qualquer outro sentido, seja temático ou estético, como se o próprio mundo contemporâneo, quatro décadas após, tampouco tivesse conseguido apresentar outras saídas, estéticas ou históricas, além da conformação inquieta que palpitava no momento histórico de então. Constantin Film Produktion/NEF/G.T. Film Production/BR Film/Degeto/Dune Films/NDR/WDR para Constantin Film  Verleih. 150 minutos.

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