Nova leva de imigrantes africanos preocupa autoridades de Caxias, RS

Autoridades de Caxias do Sul, na serra gaúcha, estão preocupadas com o grande número de imigrantes que desembarcam na cidade. Em menos de uma semana, foram mais de 180, principalmente da África, que chegam em busca de trabalho. O município, porém, diz que não tem mais estrutura social para receber os novos moradores, como mostra a reportagem do RBS Notícias (veja o vídeo).
Na última semana, Caxias do Sul voltou a receber uma nova leva de imigrantes africanos. A cidade de 465 mil habitantes, entre eles 3 mil imigrantes senegaleses e haitianos, recebeu desde a última quarta-feira (2), 92 ganeses. Só nesta segunda-feira (7) foram 70.
Os estrangeiros vêm em busca de emprego. E, segundo a Polícia Federal, encontram em Caxias mais facilidade para conseguir o documento que garante estadia no país por no mínimo um ano. Shamsudeen Abubakar quer começar uma vida nova no Brasil e pretende nunca mais voltar para Gana. “Se eu tiver oportunidade, quero aproveitar a chance de me tornar um brasileiro”, afirmou o ex-jogador de futebol.
Os principais países de origem dos imigrantes são Haiti, na América Central, e países africanos como Senegal e Gana. Quando os senegaleses começaram a chegar, há cerca de quatro anos, a indústria alimentícia da cidade absorvia a mão de obra. Agora, porém, o mercado está saturado.
“Nós não temos lugar, não temos mais estrutura. Estamos auxiliando com alimentação, a Igreja está ajudando com acomodação, mas nossa demanda já esgotou”, diz a diretora de proteção básica do município, Alda Lundgren. “Não tem município que consiga sustentar demanda de gente que vem só com a roupa do corpo, falando outra língua e em busca de emprego”.
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Segundo ela, o governo federal chegou a enviar uma verba de R$ 10 mil para ajudar na construção de uma casa de abrigo para os estrangeiros. Porém, o valor não é suficiente nem para cobrir as despesas da obra. A diretora revelou ainda que os estrangeiros teriam aproveitado a época de Copa do Mundo para pedir vistos especiais para o país, com duração de 30 dias, mas já com intenção de permanecer no país por mais tempo.
O Centro de Atendimento ao Migrante de Caxias do Sul está auxiliando os estrangeiros. Mas segundo a irmã Maria do Carmo Gonçalves, o local também não tem estrutura para receber os grupos cada vez maiores que chegam ao município. Muitos estrangeiros chegam ao país sem ao menos falar inglês e isso dificulta ainda o acolhimento. Outro problema tem sido o preconceito com os estrangeiros. “Temos que fazer a intermediação entre eles e a nossa sociedade. Muitas pessoas acolhem eles e buscam ajudar, mas muitas não gostam da ideia de ver chegar tanta gente aqui”, diz a irmã
Um grupo de 50 ganenses está alojado no ginásio de um seminário da cidade. Eles devem ficar no local até conseguirem fazer o protocolo na Polícia Federal. Depois, a maioria deles deve voltar para Santa Catarina e São Paulo. “Muitos deles se deslocam de outras partes do país, recebem aqui os documentos iniciais, o protocolo do pedido de refúgio, e depois retornam para as regiões de ondem vieram”, explica o delegado federal Vinicius Possamai.
Senegaleses formaram comitê para discutir problemas e direitos
No final de março deste ano, uma declaração do vereador Flávio Dias, do PTB, provocou  polêmica em Caxias do Sul durante audiência convocada para discutir os casos de racismo ocorridos na cidade. Na época, dias declarou ser contra a chegada de senegaleses e haitianos no município.
“Eu não gostei nada desse pessoal vir para cá. Não vieram trazer benefício para o Brasil coisa nenhuma. Vieram trazer mais pobreza. Então eu não sou favorável a esses caras aqui, de jeito nenhum. O pessoal daqui precisa de muito apoio também e não tem”, afirmou ao subir na tribuna da Casa.
Os senegaleses chegaram a criar um Comitê próprio na cidade, para negociar a situação dos vistos de residência, problemas enfrentados por imigrantes em trabalhos clandestinos e acesso a serviços de assistência social do Estado.

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