Filme do Dia: Adorável Pecadora (1960), George Cukor


Adorável Pecadora (Let´s Make Love, EUA, 1960). Direção: George Cukor. Rot. Original: Norman Krasna & Hal Kanter. Fotografia: Daniel L. Fapp. Música: Lionel Newman. Montagem: David Bretherton. Dir. de arte: Gene Allen & Lyle R. Wheeler. Cenografia: Fred M. MacLean & Walter M. Scott. Figurinos: Dorothy Jeakins. Com: Marilyn Monroe, Yves Montand, Tony Randall, Frankie Vaughan, Wilfrid Hide-White, David Burns, Michael David, Milton Berle.

Após conselhos de seu agente Alexander Coffman (Randall), o bilionário Jean-Marc Clement (Montand)  vai ele próprio conhecer o musical off-Broadway que satiriza Maria Callas, Elvis Presley e ele próprio e se apaixona pela atriz do musical Let´s Make Love, Amanda Dell (Monroe), cujo parceiro atual, Tony Danton (Vaughan) é também seu par no musical. Como ninguém sabe quem ele é,  através de um testa-de-ferro, torna-se o maior acionista do musical, assim como a participação de Danton cada vez mais secundária no mesmo. Para aperfeiçoar seus dotes como artista, Clement contrata ninguém menos que Milton Berle para ser seu consultor de humor, Bing Crosby para cantar e Gene Kelly para dançar, além de levar o próprio Berle para os ensaios e lhe dar o aval como comediante. Amanda vai jantar com Clement pensando em salvar a participação de Danton no musical, mas recebe um convite de casamento e a revelação de Clement de quem ele de fato é. Confusa e sem acreditar no que ele lhe conta, ela o abandona no restaurante. Ele a leva para conhecer seu império e ela desmaia quando finalmente dá conta que é tudo verdade. Ressabiada com tudo o que ele tramara, sua recusa não vai além do encontro que eles tem no elevador do edifício.

Essa refilmagem de uma comédia dirigida por Roy del Ruth em 1937 conta com todo o auxílio mais que luxuoso de sua fotografia em cores e cuidadosa direção de arte, ambos típicos da década de 1950 e que o torna algo temporão já quando de seu lançamento. Tudo soa demasiado anos 50, do papel de loura ingênua vivida ad nauseum por Marilyn (para efeito comparativo, basta observar o quão distante é de sua contraparte francesa, Bardot, na mesma época, em A Verdade) e mesmo sua exploração do corpo feminino, observado sobretudo no momento em que duplicado pelo olhar de Montand para as ancas de Monroe, parecendo talvez  demasiado ousado em termos de Hollywood mas demasiado pudico em relação a Bardot, algo que Cukor irá repensar no seu projeto seguinte – e não concluído – com a atriz, Something´s Got to Give. O pior de tudo é que o filme não consegue deslanchar seja enquanto comédia, seja enquanto musical, ficando talvez como consolo a magnética presença de Monroe em seu penúltimo filme concluído ou sua luxuosa imagem seja nos interiores em estúdio ou nas locações escolhidas a dedo em Manhattan. Participações especiais de Milton Berle, Gene Kelly e Bing Crosby, sendo a primeira mais destacada. The Company of Artists para 20thCentury Fox Film Corp. 119 minutos.


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