Filme do Dia: Todos Dizem Eu Te Amo (1996), Woody Allen
Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You, EUA, 1996)
Direção: Woody Allen. Rot.Original: W. Allen, Foto: Carlo di Palma. Montagem: Susan E.Morse.
Com: Woody Allen, Goldie Hawn, Alan Alda, Drew Barrymore, Edward Norton, Julia
Roberts, Tim Roth, Natasha Lyonne, Lukas Haas, Johnny Deep.
Garota de classe média alta
nova-iorquina Laura (Lyonne) narra as aventuras e desvunturas amorosas de seu
círculo familiar: um pai eternamente
insatisfeito com seus relacionamentos afetivos Joe (Allen), a quem ela
facilitará um novo relacionamento com uma americana Von (Roberts) que encontram
casualmente em um restaurante em Veneza e que, coincidentemente, fora vítima de
espionagem dela e de suas amigas em suas sessões de psicanálise e ainda
ligeiramente atraído por sua ex-esposa Steffi (Hawn), casada agora com um grande
amigo seu Bob (Alda); uma irmã, Skylar (Barrymore), que possui um noivo
romântico, apaixonado, compreensivo e sem sal, Holder (Norton), e que acabará
tendo uma fugaz relação afetiva com um ex-presidiário, Charles Ferry (Roth),
abandonando-o ao perceber que não só não se regenerara como ainda a levou para
participar de um de seus assaltos, além de DJ, outra irmã, envolvida com
inúmeros amores "eternos" que vão de um gondoleiro veneziano a um
rapaz que encontra no aeroporto logo ao chegar de Veneza (Deep). Para completar
suas meio-irmãs apaixonam-se pelo mesmo rapaz.
Embora nem de longe se encontre entre
os melhores filmes de Allen, possui bons momentos e com um encanto adicional de
realizar um musical com as pessoas muitas vezes agindo como que na vida cotidiana.
Entre os melhores momentos se encontram o primeiro número musical, na joalheria
em que o noivo da meio-irmã compra-lhe um anel de noivado e no encontro entre
Allen - este sabendo através da filha todos os gostos e preferências dela - e
Roberts, em que lhe sopra na nuca. Embora a inesgotável veia experimentalista
de Allen seja sempre bem-vinda - já fez de comédias rasgadas (O
Dorminhoco) a dramas bergmanianos (Interiores)
passando por comédias sofisticadas (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa) e dramas de câmara (Setembro), deve-se admitir que, com exceção do primeiro
número musical, os trechos mais aborrecidos do filme são justamente os
cantados. Na maioria das vezes não dá
prá não sentir saudades das tradicionais "trilhas" de Allen, onde boa
parte do melhor jazz instrumental dos anos 40 e 50 sempre faz algum comentário
irônico, divertido ou sério sobre o filme. Nem mesmo o charme de terem os
atores gravados suas próprias participações, entre inibidos e desafinados,
consegue superar a força das gravações tradicionais, algumas parecendo serem
co-autoras senão de filmes, pelo menos de algumas das melhores sequências dos
filmes do diretor. Assim como a famosa Rapsody in Blue em Manhattan,
You Made Me Love You em Hannah e Suas Irmãs ou I've
Found a New Babe em Poderosa Afrodite
(por sinal, utilizada anteriormente em
seu episódio de Contos de Nova
York). No mais ele não deixa de louvar Nova York - cada uma das quatro
estações é considerada como a mais bonita - tanto em dialógos quanto em
imagens, de utilizar clássicos da música popular americana e de reverenciar os Irmãos Marx (embora a
homenagem aqui pareça bem mais gratuita e menos interessante que a celébre
passagem próxima do final de Hannah e Suas Irmãs). Exuberante
fotografia de di Palma, que ensaia ums câmera quase tão nervosa quanto a de Maridos e Esposas, mas acaba se
contendo. O mote para o filme é que com
uma tão grande confusão de amores, desencontros, desencantos e esperanças tal
história no futuro, segundo a narradora, em um exercício nada lá muito
sofisticado de metalinguagem, deveria gerar um filme e, de tão rocambolesca que
é, um musical de preferência. A sequência final do terno reecontro entre Allen
e Hawn se equilibra entre o belo e o kitsch,
com um inevitável toque de magia. Possível
influência, pelo menos na esquematização dos encontros e desencontros
dos casais, de Sorrisos de uma Noite deAmor de Bergman. 101 min. Miramax.

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