Filme do Dia: Ó Pai, Ó (2007), Monique Gardenberg
Ó Pai, Ó (Brasil, 2007). Direção e
Rot.Original: Monique Gardenberg. Fotografia: Dudu Miranda. Música: Caetano
Veloso & Davi Moraes. Montagem: Giba Assis Brasil & João Paulo
Carvalho. Dir. de arte: Vera Hamburger. Figurinos: Bettine Silveira. Com:
Lázaro Ramos, Dira Paes, Luciana Souza, Érico Brás, Stênio Garcia, Tânia Tôko,
Wagner Moura, Cristóvão Silva. Emanuelle Araújo, Valdinéia Soriano, Lyu
Arrison, Vinícius Nascimento, Felipe Fernandes .
Num agitado cortiço de Salvador, em
pleno centro histórico, com a chegada do
carnaval, Dona Joana (Souza) acaba cortando a água dos moradores por conta do
atraso nos pagamentos. Enquanto isso, Psilene (Paes) retorna da Europa ao
encontro da irmã, o motorista de táxi Reginaldo (Brás) procura se livrar da
vigilância da mulher grávida (Soriano), que soube de seus encontros com a
travesti Yolanda (Arisson). Já Roque (Ramos), que pretende seguir carreira de
cantor, trabalha em uma oficina de carros entre os galanteios a jovem atendente
do bar do Neuzão (Tôko) e a pressão do agressivo Boca (Moura). E os filhos de
Dona Joana, Cosme (Nascimento) e Damião (Fernandes) aproveitam para praticarem
pequenas traquinagens.
A simpatia paternal que o filme
endereça aos seus personagens populares (em extrema oposição a visão corrosiva
de um Amarelo Manga, por exemplo,
centrado em semelhante ambiente) não vai além de pretexto para as pretensas
motivações cômicas, raramente bem sucedidas. Comicidade, aliás, erigida em cima
de uma visão bastante classista do que seria a fala popular. O que impera acima
de tudo, no entanto, é a visão
folclorizante do que se acredita ser a Bahia festiva de tipos do povo, numa
reatualização, do que seria esse
espírito brasileiro, de um filme como Orfeu do Carnaval (1959), de Marcel Camus. Porém, aqui, pior de tudo, ainda se
busca a pretensão de traçar uma crítica social, algo que ao menos o filme de
Camus honestamente se afastou em sua aberta busca pelo exótico e fantástico.
Tal pretensão soa tão profunda quanto a própria caracterização dos personagens
em situações narrativas que tampouco se resolvem, demonstrando a incapacidade
aparentemente crônica (vide Benjamin)
da realizadora para enxergar além do seu
universo de clichês ambulantes. Sendo o cúmulo do equívoco o “sacrifício” final
dos garotos pelas mãos de um policial militar contratado para “limpar” a área
dos pequenos delinqüentes, completamente deslocada do registro restante do
filme. Na sua busca de um naturalismo
nas interpretações se consegue tantos bons resultados (caso da atriz estreante
em cinema Luciana Souza) como hodiendas caricaturas (caso de Moura e Paes).
Dueto Filmes para Globo Filmes. 96 minutos.

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