Filme do Dia: Sorrisos de uma Noite de Amor (1955), Ingmar Bergman


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Sorrisos de uma Noite de Amor ( Sommarnatens Leende, Suécia, 1955). Direção e Rot. Original: Ingmar Bergman. Fotografia: Gunnar Fischer. Música: Erik Nordgren. Montagem: Oscar Rosender.  Cenografia: P. A. Lundgren. Com: Eva Dahlbeck, Gunnar Björnstrand, Ulla Jacobsson, Hariet Andersson, Margit Carlqvist, Ake Fridell, Björn Bjelfvestam, Naima Wifstrand, Jarl Kulle.
No início do século XX, em um pequeno vilarejo sueco, Frederik Egerman (Björnstrand) recebe, com sua jovem esposa Anne (Jacobsson), o filho Henrik (Bjelfvestam), estudante de teologia. Com a chegada da famosa atriz Desireé Armfeldt (Dahlbeck), uma ciranda de paixões vem à tona. Egerman fala o nome de Desirée ao acariciar a esposa na cama. Na noite do teatro, Anne retira-se incomodada com a semelhança do drama que vive, representado no palco. O marido retorna para encontrar-se com a ex-amante, mas chega o atual amante de Desirée, o Conde Malcolm (Kulle). Enquanto isso, o filho desilude-se com a empregada da casa, a sensual Petra (Andersson) e é assediado pela madrasta. Essa, por sua vez, torna-se confidente da esposa de Malcolm, Charlotte (Carlqvist). Desirée convida todos para um jantar na casa de sua mãe (Wifstrand). A velha senhora alerta para as qualidades estimulantes do vinho servido. Henrik logo se enerva contra o pai e, alvoroçado, esconde-se de todos, tentando sem sucesso suicidar-se. Ao tombar na parede, descobre o engenho que faz com que a cama do quarto vizinho desloque-se até o quarto onde se encontra Henrik, reunindo o que as convenções sociais havia até então separado. Henrik foge com Anne, com o auxílio de Petra e seu novo amante, o cocheiro Frid (Fridell). Charlotte tenta fazer valer a promessa de que seduziria Egerman. Malcolm é avisado por Desirée da “traição” da esposa. Faz uma aposta de roleta russa com uma bala de festim. Com o dia já amanhecendo, sobre um monte de feno, Petra consegue a promessa de casamento por parte de Frid.
Um dos mais belos filmes de Bergman e, ao mesmo tempo, um dos filmes de maior apelo junto ao grande público. Dirigindo-se para a comédia dramática, visivelmente inspirada em Shakespeare (inclusive no título), o filme é uma das mais bem acabadas e sensíveis odes ao amor e a efemeridade dos sentimentos. Apoiado sobretudo nos diálogos, de uma perspicácia incomum até mesmo para o cineasta, assim como na representação propositadamente farsesca dos atores – Egerman lembra a Desirée que, embora não seja teatro, trata-se igualmente de uma farsa – o filme, porém, não descuida do visual. O notável trabalho de câmera, em cenas como a que Henrik flagra o início da corte entre Frid e Petra, também merece destaque. Conseguindo a rara proeza de ser denso, sem ser hermético, encontra-se distante do trabalho que o cineasta irá efetivar a partir da década seguinte, tanto em seu lirismo agridoce, em que às misérias humanas contrapõe-se a esperança de amor, seja no casal de jovens fugidios ou, e principalmente, naquele composto pelos servos, afastando-se do pessimismo subseqüente, como em sua própria estrutura narrativa, grandemente clássica. Particular perfeição nas interpretações femininas, sobretudo de Andersson, Dahlbeck e Wifstrand. Evoca A Regra do Jogo (1939) de Renoir, em sua expressão de profundos sentimentos humanos, através do que poderia ser somente banal e frívolo, tendo sido homenageado por Woody Allen em seu Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão (1982). Por outro lado, seu tom mordaz e engenhosos diálogos também são partidários da veia satírica de Oscar Wilde, demonstrando serem profundamente superiores, por sua generosidade e grandeza, a filmes americanos contemporâneos que também se apoiaram na eficiência dos diálogos do mesmo gênero como A Malvada (1950), de Mankiewicz. Sua ousadia em demonstrar os anseios e desejos femininos, incomum para a época, é bem representada pela cena em que Petra oferece os seios a Henrik. Foi adaptado para o teatro e o cinema americanos como o musical  A Little Night Music, dirigido por Harold Prince nas telas (1977). Svenskfilmindustri. 108 minutos.

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