Filme do Dia: Norwegian Democrazy (2024), Fabien Greenberg & Bård Kjøge Rønning

 


Norwegian Democrazy (Noruega, 2024). Direção e Rot. Original Fabien Greenberg & Bård Kjøge Rønning. Fotografia Fabien Greenberg. Música Kenneth Ishak.  Montagem Linn Heidi Slåttøj.

A partir de seu próprio título, deixa entrever de partida (após se acompanhar algum tempo de documentário ao menos) a posição “exótica” das forças de segurança do estado, a protegerem um líder da extrema direita, e alguns de seus poucos seguidores, do movimento anti-islâmico SIAN, pois, tal como nos Estados Unidos, os princípios de liberdade acolhem que um indivíduo se dirija de forma insultuosa contra algum segmento populacional, por aberta discriminação. Porém, ao mesmo tempo, ao possuir um estilo predominantemente observacional e não deixar claro sua posição ideológica diante do que apresenta, e trazendo em maior quantidade imagens do líder do SIAN que de seu jovem opositor, ambos observados na intimidade do ambiente doméstico, por exemplo, pode dar a vazão de uma empatia com o empedernido fascista, a apregoar, que pode sim detratar e até mesmo inventar mentiras sobre um grupo de pessoas. Por acaso o título também não serviria para o momento em que tal líder é abordado por um policial que pede que ele volte ao carro e se retire, pois existe uma ordem impedindo sua presença no centro da cidade, tendo como motivação a impossibilidade de lhe garantir segurança. A quebra da estrutura observacional também parece se dar mais frequentemente com ele e não com o jovem que faz parte de um grupo bem mais numeroso de resistência a tal discurso – e que, inclusive, o agride em uma de suas provocações em praça pública. Lars, o militante seguido pelo filme, faz uso de visíveis artimanhas e usando como escudo a “liberdade de expressão” apregoada pela internacional fascista, mas cujo intento é visivelmente o de provocar as comunidades muçulmanas dos locais onde passa, queimando o alcorão e provocando a ira ao ponto de ter seu furgão abalroado e capotado em um episódio seguido pelo documentário. E que os militantes utilizarão para retroalimentar sua prédica. Porém, uma vez mais o filme lida com a ambiguidade até o final. Uma vez mais observamos Lars ser conduzido pela polícia,  para o afastar do centro de Oslo e de uma praça movimentada, tal situação cabendo tanto ao título do filme, quanto o último a fazer uma observação direta para a câmera questionar se o ódio aos muçulmanos pregados pelo grupo poderia se enquadrar na liberdade de expressão. |Antipode Films. 86 minutos.

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