Filme do Dia: Noite Acesa (1976), Luiz Alphonsus

 








Noite Acesa (Brasil, 1976). Direção Luiz Alphonsus.

Curta em Super-8 de realizador ativo no gênero, sobretudo à época, filmando o evento 26 Poetas Hoje, com expoentes da Poesia Marginal, aparentemente em espaço cultural do Rio de Janeiro. 8 anos depois foi sonorizado. E de uma forma próxima da estética audiovisual e poética compartilhada pelos artistas. Não há nem de longe preocupação de sincronia, ou mesmo de indexação da voz de um referido artista sobre sua presença no palco a declamar seus poemas. Poemas são lidos, com a mesma voz, sobre imagens distintas de poetas. “O Amanhecer é aquela menina que passou com o vestido pelo avesso. Sempre que vejo esta menina algo me diz, ‘eu não quero ser real, quero apenas ser feliz.'” É um dos poemas que possui seus trechos citados. Há penumbra no ambiente e a presença da canção de Hendrix Stone Free (no local? Pós-sincronizada? As duas coisas?). Ou “o lance de dados jamais abolirá os doidos” e “esporrei na boca da gatinha sequiosa de sexo”. “Tô afim de uma sanfona gaiata, uma sanfona grandona (...). Tô afim de tocar maneiro, já que sou brasileiro, Jackson do Pandeiro.” Um dos poetas se atrapalha ao ler seu poema repleto de “Jás”...Jabuticaba, Jabaquara, jabuti em velocidade enorme e se ri no meio do atrapalhado, provocando o riso de outros (áudio). Cacasso e Ana Cristina César surgem declamando. “É Sempre difícil ancorar um navio no espaço” é da lavra da segunda. “Empenhei o coração por um beijo. Era dívida de amor.” “Copacabana é com enorme C, de Cu, S sibiliante nas calçadas, Sinais que Sou.” “É proibido pisar na grama/O jeito é deitar e rolar”. Finda com uma montagem de planos bem curtos seguidos de movimentos intensos de câmera ao que se segue o único poema escrito exibido:

Estava parada na porta do cinema

Um calor nojento e os ômi chegaram

Pediram documento

Carteira de identidade.

Por falta de dados pessoais

Falta de dentes, olho parado

Fartos indícios digitais

Fuscarina doida afobada

Mostrou o cu.

Dentre os poetas que emprestaram voz para a versão de quase uma década após estão Ângela Melin, Chacal e Sérgio Santeiro.| 10 minutos e 54 segundos.

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