Filme do Dia: O Roteiro da Minha Vida - François Truffaut (2024), David Teboul
O Roteiro da Minha Vida – François
Truffaut (François Truffaut, Le Scénario de Ma Vie, França, 2024).
Direção David Teboul. Rot. Original David Teboul & Serge Toubiana. Música
Grégoire Hetzel. Montagem Caroline Detournay.
Documentário integralmente de
compilação, a seguir os passos de uma documentação biográfica inexplorada ou
pouco explorada da personalidade retratada. Com resultado final pouco
empolgante, no qual se sente a falta de mais momentos como o que utiliza de
excertos de uma das belas trilhas de Michel Legrand para o realizador (para Noite
Americana?) e imagens de bastidores de Duas Inglesas e o Amor e o
transforma em imagens e sons dignos de um punctum, como alguns dos
filmes do realizador conseguiam-no. Infelizmente o material biográfico narrado
(sendo a narradora principal Isabelle Huppert) maciçamente é sob o formato de
cartas. A serem ouvidas enquanto observamos imagens de seus filmes ou de suas
entrevistas. Forte impressão se tem que ficariam melhor em mais um livro sobre
o realizador. Provocariam provavelmente maior impacto sensível sendo
simplesmente lidas. Numa edição a cargo de Toubiana, um especialista na vida e
obra do realizador, autor de uma biografia referencial, além de uma colaboração
prévia, desta vez igualmente como co-diretor, François Truffaut: Portrait
Volés (1993), com depoimentos de próximos. Enfatiza-se a mistura de cenas
de seus filmes, com passagens de sua vida. Algumas vezes reproduzindo até os
diálogos pretensamente vivenciados por Truffaut, provocando uma sensação de
sufocamento excessivo em torno de seu ego. Há depoimentos nos quais ratifica a
sua filiação a André Bazin, mais que aos próprios pais, com os quais sempre
terá uma relação complexa entre o afeto e o distanciamento, acrescido após a
descoberta do homem do qual herdou o sobrenome que se tornaria referência na
história do cinema não ser o seu pai biológico. Noutros, simplesmente se dirige
ao ator principal de O Homem Que Amava as Mulheres, a defender sua
posição de amante e cortejador insaciável com a tocantemente sincera
consideração simplesmente de ser homem. Ou sobre Deneauve, acertadamente
considerando como se ela guardasse algo de muito secreto para si. O filme a
ganhar maior destaque é o seu primeiro e melhor, Os Incompreendidos, e a
tônica do documentário parece seguir a do próprio realizador, quando a passagem
do tempo rapidamente transformou em apenas profissionalismo o que nos anos
iniciais era acesa paixão. Impressão acentuada por um esperado abrupto final a
decantar uma saída a esmo, como se de uma conversa obsessiva do qual seu
entranhamento dificulta se vislumbrar como rompê-la senão com um apelo que vá
para além do seu próprio teor se tratasse. Produzido para a televisão. |10.7
Productions/INA. 98 minutos.![]()

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