Filme do Dia: Zeppelin em Curitiba (1936)

 


Zeppelin em Curitiba (Brasil, 1936).

Esse título atribuído a esse filme mudo de realizador e ficha técnica hoje desconhecida,  mais próximo do cinejornal que do documentário talvez não seja exatamente apropriado, pois ele lida com um diversidade de imagens e temas – e relacionados não apenas com Curitiba, mas igualmente com o litoral paranaense, entrevisto ao final. Embora sob muitos aspectos em nada difira de seus congêneres, apelidados algo pejorativamente como “filmes de cavação”, produções que geralmente exaltavam figuras de poder e assim sustentavam a produção cinematográfica incipiente de então, aqui tais figuras são observadas em um único plano, embora muito provavelmente boa parte do que se observe nas imagens esteja vinculado a alguns dos homens aí enquadrados, como é o caso do grupo escolar, em que a câmera se aproxima sobretudo das crianças de ascendência japonesa. E não faltam os locais considerados referenciais da elite como a ex-sede da prefeitura, o palácio Rio Branco, um busto de Carlos Gomes na praça que igualmente possui seu nome, etc. Alguns deles ressaltando a sua dimensão, como é o caso da catedral, observada em panorâmica do chão ao alto de suas torres.  E a imagem de algumas ruas de tráfego de veículos “mais intenso” (lembrando aqui seus antepassados dos idos do cinematógrafo). As imagens do zeppelin, entrevistas ao início, ocupam um trecho relativamente curto do filme, embora posteriormente se acompanhe imagens aéreas da cidade filmadas do dirigível. Talvez o que mais reste de interessante nessa produção, para além do efetivo recorte da cidade em um determinado período, seja que o realizador também ocasionalmente envereda por imagens que buscam algum nível de estetização como é o flagrante das sacas que estão dispostas sobre uma lona após terem sido descarregadas do rio, ainda que a disposição das mesmas não tenha sido provavelmente orientada pelo realizador, imagens enquadradas a partir do arco de um edifício, provocando um interessante efeito de moldura ou ainda o momento em que se detém por um tempo razoável a flagrar o movimento das ondas do mar. Destaque para a passeata em que se carrega um cartaz que afirma algo como “Pelo Brasil e com Getúlio”. 11 minutos.

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