Filme do Dia: Um Cão Andaluz (1929), Luis Buñuel

 


Um Cão Andaluz (Un Chian Andalou, França, 1929) Direção: Luis Buñuel. Rot.Original: Luis Buñuel&Salvador Dali. Fotografia: Albert Duverger. Montagem: Luis Buñuel. Com: Pierre Batcheff, Simone Mareuil, Luis Buñuel, Salvador Dalí, Robert Hommet.

Um homem (Buñuel) afia uma navalha sobre o luar e corta o olho de uma mulher. Uma mulher (Mareuil) percebe da janela de seu apartamento um homem que caí repentinamente de sua bicicleta morto, porém recolhe de si apenas pedaços de pano que põe sobre sua cama. Um homem (Batcheff) olha fixamente para sua mão e quando a mulher se aproxima  percebe que formigas saem de um furo no meio de sua palma. Repentinamente o homem babando e transfigurado avança contra ela e lhe toca nos quadris e nos seios, porém não mais consegue se aproximar dela porque tem que carregar como peso dois pianos, uma besta morta e dois religiosos vivos (um deles Dalí). A mulher sai de sua casa e encontra-se na beira da praia, onde passa a caminhar com um pretendente (Hommet).

Através dessa colagem anárquica que se recusa a seguir os parâmetros narrativos do cinema clássico, Buñuel e Dalí efetivaram o marco do surrealismo no cinema e também uma das obras que melhor explora uma linguagem que se aproxima da onírica - descontinuidade espaço temporal, alegorias em cima de pulsões básicas como a da morte e a do sexo (o ataque compulsivo e bestial do homem) e suas repressões (o peso da cultura e da religião representadas pelo piano e os religiosos). Com bela fotografia e uma trilha-sonora que participa ativamente do desenrolar dos fatos (quando do ataque do homem o belo tema  Liebstod, de Wagner, é substituído por um mais impulsivo tango), o filme seria seguido por outra produção da dupla, A Idade do Ouro (1930), além de se tornar uma referência do cinema de vanguarda. Soberba utilização da fusão no momento em que o homem toca nos quadris e seios da mulher e a imagem funde em uma imagem do corpo da mulher sem roupa. 17 minutos.

 

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