Filme do Dia: O Candidato (1972), Michael Ritchie
O Candidato (The Candidate, EUA, 1972). Direção: Michael Ritchie. Rot. Original:
Jeremy Larner. Fotografia: Victor J. Kemper. Música: John Rubinstein. Montagem:
Robert Estrin & Richard A. Harris. Dir. de arte: Gene Callahan. Cenografia:
Patrizia von Bradenstein. Figurinos: Patricia Norris. Com: Robert Redford, Peter Boyle, Melvyn Douglas, Don
Porter, Allen Garfield, Karen Carlson, Quinn K. Redeker, Morgan Upton.
O advogado Bill
McKay (Redford), filho do lendário político John (Douglas), é sempre contrário
aos ideais do pai e as tentações do poder. A situação se configura diferente
quando seu amigo Marvin Lucas (Boyle) o convence a enfrentar o candidato
conservador Crocker Jarman (Porter) ao Senado, pelo estado da Califórnia.
Jarman, com sua verve e carisma, é considerado um candidato imbatível. Porém,
Lucas lhe convence de que ao não ganhar ou ter pretensões de, McKay poderá ser
honesto o suficiente para afirmar coisas diante da imprensa, por exemplo, que
os políticos habitualmente não fariam. Quando Bill observa que possui chances
reais de alcançar o cargo, no entanto, a situação se transforma.
Um dos
filmes-chaves, ainda que pouco lembrado, da chamada Hollywood Renaissance
(1967-75) que, através de um postura
realista consegue, como nos melhores filmes do período, efetuar uma leitura
irônica e complexa da sociedade norte-americana, no caso aqui de seu universo
político. Com câmera na mão e montagem
hiper-dinâmica, apresenta-se de forma relativamente desdramatizada e possui sua
grande força no roteiro. Afastando-se do thriller
estilo paranoia conspirativa que marcou algumas das melhoras abordagens do
filme político norte-americano (Sob o
Domínio do Mal, A Última
Testemunha). Seu tom paródico, no entanto, consegue se esquivar de
alegorias excessivamente inverossímeis e mesmo ingênuas e generalistas como Muito Além do Jardim (1980), de
Hal Ashby. Uma das forças do filme, igualmente, é o de ser extremamente focado
diante dos eventos principais, procurando se desviar de temas secundários, como
o dos problemas conjugais do protagonista. Uma das decepções de quem esperaria
um tratamento mais convencional do tema, por exemplo, seria o do inevitável
caso extra-conjugal de McKay, aqui somente insinuado. Se existe toda uma
distância da bravura visual de um realizador como Pakula, assim como sua mais
convencional interação com as convenções do filme de gênero, o que há de mais
“precário” aqui, em termos de valores de produção, adequa-se bem melhor aos
fins pretendidos. Quando McCay é
alertado que “gente de Hollywood” quer vê-lo quem surge numa inesperada ponta é
ninguém menos que Natalie Wood. Ritchie, cujo relativo descaso com uma estilização
visual também deve se encontrar relacionada à inserção anterior no campo
documental, infelizmente, parece seguir a lógica de seu próprio personagem: com
o crescente sucesso de filmes inócuos, assim como a própria reviravolta nas
prioridades da produção cinematógrafica norte-americana após o sucesso
fenomenal de Tubarão (1975), seu
talento sendo desperdiçado em produções triviais. Redford-Ritchie Prod. para
Warner Bros. Pictures. 110 minutos.

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