Filme do Dia: Tempestade de Verão (2004), Marco Kreuzpaintner
Tempestade de Verão (Sommersturm, Alemanha, 2004). Direção:
Marco Kreuzpaintner. Rot. Original: Thomas Bahmann & Marco Kreuzpaintner.
Fotografia: Daniel Gottschalk. Música: Matthew Caws & Niki Reiser.
Montagem: Hansjörg Weissbrich. Dir. de arte: Heike Lange. Figurinos: Anke
Winckler. Com: Robert Stadlober, Kostja Ulmann, Jürgen Tonkel, Mirien Morgenstern,
Alichje Brachleda-Curus, Angelika Brennfleck, Josefine Müller.
Tobi é um adolescente que vai para um
acampamento de verão onde haverá uma competição de remo e se descobre
perdidamente apaixonado por seu melhor amigo, Achim (Ulmann). Eles se acreditam
amigos inseparáveis, porém a proximidade cada vez maior da namorada de Achim,
Sandra (Morgenstern) deixa Tobi crescentemente inseguro quanto as
possibilidades de vivenciar uma relação de fato com Achim. Para complicar sua
situação, uma bela e sensível garota, Anke (Brachleda-Curus), apaixona-se por
ele. Com a chegada da equipe gay que competira com eles, todos os ingredientes
se encontram armados para que uma tempestade ocorra na mente de Tobi.
Filmes de iniciação amorosa se
encontram às pencas. Sensibilidade, em muitos casos, como aqui, não é
exatamente um passaporte para um bom filme. A alegada sensibilidade para o
tema, mesmo que existente, torna-se um tanto esquemática e tampouco contamina o
modo trivial como a história é narrada. Longe se está, por exemplo, da
maturidade e do senso de ritmo de um Rosas
Selvagens (1994), de André Techné, onde o passado biográfico do próprio
realizador serve como matriz para um belo e comovente drama de descoberta da
homossexualidade, envolvendo inclusive uma mais ampla crônica em que se inserem
elementos da própria história francesa. Aqui tudo acaba caindo nas armadilhas
mais fáceis, e até mesmo didáticas, do politicamente correto, sob uma ótica da
mais pura banalidade melodramática – e a tempestade a que faz referência ao
título, que ocorre tanto na natureza quanto na mente dividida de seu inseguro
protagonista o comprova. Para piorar a situação, existem desnecessários
subenredos – um outro jovem também com problemas de não aceitação de sua
sexualidade em um nível ainda mais radical do que Tobi – que praticamente nada
acrescentam a narrativa. E quando se pretende fugir do esquemático, que possui
momentos patéticos, como o da chegada em um abrigo improvisado da tempestade,
onde o treinador imediatamente afirma quais serão os alojamentos que ficarão os
gays e os héteros, muitas vezes ocorre uma confusão narrativa que nada fica há
dever a do seu protagonista, porém longe de espelhá-la no bom sentido do termo.
De certo modo, ao se ter um protagonista como Tobi, não deixa de ocorrer uma
perversa, involuntariamente ou não, aproximação maior com um público mais
amplo, já que seu tipo longe de efeminado ou com trejeitos, em interpretação
vigorosa de Stadlober, torna-se mais passível de identificação com espectadores
de qualquer gênero do que alguns dos membros da equipe gay, algo que o próprio
filme vem a seu modo ressaltar em determinado momento numa conversa entre os
integrantes da equipe, quando um membro mais discreto reclama da postura
escrachada de outro. Claussen &
Wobken Filmproduktion para X Verleih AG.98 minutos.

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