Filme do Dia: Person (2007), Marina Person

 


Person (Brasil, 2007). Direção: Marina Person. Fotografia: José Roberto Eliezer. Música: Jorge Ben. Montagem: Cristina Amaral & Sérgio Mekler. Dir. de arte: Maria Ionescu.

Documentário que busca ser um retrato pessoal e terno de uma das filhas do realizador sobre a obra e a vida pessoal do pai, traçando um perfil desse a partir das poucas memórias de infância dela e da irmã, algo mescladas com o que já viram e ouviram sobre, filmes domésticos em super-8 e entrevistas com pessoas que foram importantes na carreira do realizador.  No que diz respeito às últimas se encontram depoimentos do encenador Antunes Filho, os atores Walmor Chagas e Ewa Vilma (o casal de São Paulo S.A.), Paulo José (protagonista de Cassy Jones, o Magnífico Sedutor), Raul Cortez (de O Caso dos Irmãos Naves), Carlos Reichenbach (que foi seu aluno), Sérgio Mamberti, o crítico Jean-Claude Bernardet, que foi roteirista de São Paulo S.A., Ricardo Aronovich (roteirista de São Paulo S.A.) e o cineasta José Mojica Marins, que recorda a força que Person lhe deu junto à crítica.  Em boa parte das situações as falas dos depoentes não se encontram sincronizadas com as imagens deles no momento de seus depoimentos. Existem trechos generosos de boas cópias de seus filmes, sobretudo São Paulo S.A., com sua portentosa fotografia em p&b, mas igualmente de um curta pouco conhecido Procissão dos Mortos, que integra o longa Trilogia do Terror (1968) e sua inusitada mescla entre horror e comentário político ou do curta também pouco lembrado que realizaria em sua temporada no Centro Sperimentale di Cinema, L’Ottimista Sorridente (1961). Ou ainda sua estreia como diretor em Um Marido Barra Limpa (1957), chanchada a qual perderia o crédito para Renato Grechi, que filmaria algo além do material já filmado por Person e suas experiências como ator, inclusive nesse filme e também em Anuska, Manequim e Mulher (1968), as quais o próprio Person algo que desconsidera em entrevista a TV. Para ele seu melhor filme, “o mais maduro” é O Caso dos Irmãos Naves. Muitos pontos são tocados, poucos aprofundados, como é o caso da relação ambígua e mesmo de oposição ao Cinema Novo evocada por Bernardet que também ressalta seu estilo bastante diferenciado de cinema e uma visão política bem menos utópica do que aqueles realizadores, não estranhando, por exemplo, a eclosão do golpe militar. Dezenove Filmes/Lauper Filmes. 75 minutos.

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