O Dicionário Biográfico de Cinema#238: Sergei Paradjanov



 Sergei Paradjanov (Sarkis Paradjanian), n. 1924-90, n. Tiflis, URSS

1951: Moldvskaya Skazka [Moldavian Fairy Tale] (c).1954: Andriesh (co-dirigido com Y. Bzelian). 1958: Pervyi Paren [The First Lad]. 1961: Ukrainskaya Rapsodiya [Ukranian Rhapsody]. 1963: Tsevetok na Kamne [A Flor do Deserto]. 1964: Dumka [The Ballad] (*) (c). 1965: Tini Zabutykh [Sombras dos Ancestrais Esquecidos]. 1972: Sayat Nova [A Cor da Romã]. 1978: Returno to Life (c). 1985: Ambavi Suramis Tsikhitsa [A Lenda da Fortaleza Suram] (co-dirigido com Dodo Abashidze). 1986: Arabeskebi Pirosmanis Temaze (c). 1988: Ashik Kerib

Há vidas no cinema que fazem algumas obras comerciais (e as turbulências domésticas) de alguns neuróticos hollywoodianos parecerem dignas de se mal mencionar. Um armeno, Paradjanov foi talentoso na pintura e na música, assim como no cinema, e em sua obra mais desenibida pode-se sentir uma confluência natural dos três estímulos. Sem mencionar a originalidade visionária. 

Abandonou a ideia de ser cantor para estudar cinema, com Kulechov como um de seus professores (em Moscou). Após alguns anos de obediência às atitudes oficiais, ele próprio anunciou com Sombras dos Ancestrais Esquecidos, uma deslumbrantemente bela evocação da vida de uma cidadela no século XIX. Ainda que muito bem recebido além-mares, o filme foi atacado pelas autoridades soviéticas por sua decadência e excessiva expressão visual. A partir de então, Paradjanov foi objeto de uma acirrada perseguição. Exilado na Armênia, foi proibido  de trabalhar por diversos anos, mas ainda assim proporcionou o magnífico A Cor da Romã, uma celebração de cor, forma e vitaliadade, assim como de seu personagem principal, o poeta rebelde Arutiun Sayadian.

Paradjanov foi então proscrito, e perseguido, e em 1974 foi preso por quatro anos. Mesmo quando solto, estava desesperadamente pobre e incapaz de trabalhar até o advento da glasnost. Morreu de câncer, antes que pudesse completar Confissão, seu filme autobiográfico. Mas o documentário de 1991 Bobo é um tributo a sua vida e obra. Lebedine Ozero. Zona [Swan Lake - The Zone] foi outro projeto de Paradjanov, completado por seu câmera, Yuri Ilienko.

O contraste entre a vida abusiva sofrida por Paradjanov e a radiância de sua visão é incomparável e exemplar. A ênfase na beleza da natureza das coisas não  exatamente ocidental, ou europeia, anunciando uma espécie de glória em imagens que pode falar pela Geórgia, Armênia e os países do que chamamos Oriente Médio. Mais ainda que Tarkovski, que possuía um olhar mais ocidentalizado, Paradjanov representa a ligação entre o cinema e a renovação religiosa, e a exultação diante do fato da luz e sua colheita.Quando assistimos sua obra frequenteente sentimos uma associação com culturas que existiram muito antes da fotografia e do cinema. E então é ainda maior o choque quando somos lembrados das terríveis dificuldades que este artista transcendeu continuamente para afirmar os milagres da luz e da aparência. Em cada filme, há um punho sombrio a nos lembrar de muitas possibilidades calamitosas. E então...

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionry of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2023-24.

N. do E: (*) No IMDB, indexado como de 1957.

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