Filme do Dia: A Esposa (2019), Björn Runge

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A Esposa (The Wife, EUA/Reino Unido/Suécia, 2017). Direção: Björn Runge. Rot. Adaptado: Jane Anderson, a partir do romance homônimo de Meg Wolitzer. Fotografia: Ulf Brantas. Música: Jocelyn Pook. Montagem: Lena Runge. Dir. de arte: Caroline Grebbell, Paul Gustavsson & Martin McNee. Cenografia: Craig Menzies. Figurinos: Trisha Biggar. Com: Glenn Close, Jonathan Pryce, Max Irons, Christian Slater, Harrie Lloyd, Annie Starke, Elizabeth McGovern, Johan Widerberg, Karin Franz Körlof.
Joseph Castleman (Pryce) é surpreendido certa manhã com a notícia de que ganhou o Nobel de Literatura. Após um momento de comemoração e pulos na cama com a esposa Joan (Close), a vitória lhe proporcionará igualmente, voluntariamente ou não, um acerto de contas não muito tranquilo com o passado, que inclui sua relação com o filho David (Irons), aspirante a escritor, com o seu pretenso futuro biógrafo Nathaniel (Slater), que encontra, para seu desprazer, no voo para Estocolmo, com a jovem fotógrafa Linnea (Körlof) escalada para cobrir sua estadia na Suécia e, mais que tudo, com a própria esposa, que o levará à morte.
Fosse um pouco mais comedido e/ou ambíguo em relação ao tratamento do tema que aborda, embora se encontre provavelmente bastante comprometido com sua fonte original literária, e esse filme talvez amealhasse o nível de sofisticação que aparentemente pretende. Antecipa-se, de forma não muito feliz, o momento em que a contenção cederá aos apelos do melodrama, e felizmente ele ocorre em momento já relativamente avançado do filme, mas não ao ponto de salva-lo de sua fórmula engrandecedora da protagonista feminina, em zelo bastante antenado com o embate feminista-progressista que lhe é contemporâneo, mas talvez demasiado servil a estereótipos de um discurso pré-formatado para soarem verdadeiramente interessantes em seu aspecto humano. É muito mais isso, que pecadilhos menores como a figura ridiculamente chapada do filho, que jamais seria salva ou apenas aprofundaria sua unidimensionalidade na interpretação que ganha de Irons ou, em escala ainda menor, furos como a presença única de Linnea a cobrir as fotos no ensaio para a premiação de Joseph, sem que os outros premiados tenham algo equivalente, que torna sua experiência menos interessante do que poderia. A seu favor, além da interpretação inspirada de Close, o que a personagem vivida por ela diz como recomendação última ao inconveniente biógrafo. Apela-se muito excessivamente para o elemento morte, como se trata do desnecessário caso aqui. E tampouco o caráter absolutamente mecânico com que Castleman joga o mesmo discurso de flerte seja para a mulher que constrói sua vida a seu lado, quanto para qualquer outra é uma dessas arestas que, melhor trabalhadas, renderiam algo além da trivial e reconfortante solução final, termo aliás que se aplica como uma luva ao cômodo fim tido pela personagem que não se enquadra moralmente nos princípios éticos que o filme aponta.  Starke, que vive Joan na juventude, é ninguém menos que filha de Close. Meta Film/Anonymous Content/Speak Film & TV para Sony Pictures Classics. 100 minutos.

Postada originalmente em 13/12/2019

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